Diego Salmen
Ex-prefeita da capital paulista entre 1989 e 1992, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) não vê com bons olhos uma eventual candidatura do empresário Paulo Skaf, seu correligionário, ao governo do Estado de São Paulo.
"A própria filiação dele não tem muita lógica", afirma Erundina. "O PSB é um partido socialista, pelo menos se propõe a sê-lo".
Antes de ingressar no PSB, em setembro do ano passado, Skaf foi presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), tida como a mais poderosa organização de classe do País.
Desde então, o ex-dirigente empresarial vem tentando se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes. Enfrenta, porém, a possibilidade de o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) tornar-se o postulante do partido - além da resistência entre os próprios colegas de sigla.
"Acho muito estranho, não sei como o eleitor verá isso", diz Erundina. "Desqualifica o partido do ponto de vista da incoerência; como ele (Skaf) se posicionará diante de bandeiras como a diminuição da jornada? Ele defenderá os interesses do partido ou de sua classe? É uma situação artificial para ele e constrangedora para os militantes".
Filiada ao PSB desde 1997, quando saiu do PT, Erundina vê um "quadro indefinido" para a candidatura de Ciro, seja ela à presidência da República ou ao governo do Estado.
"Essa questão está em compasso de espera", avalia. "Mas em qualquer das duas hipóteses ele cumprirá uma tarefa muito importante para o nossso partido".
Ciro Gomes vem dando sinais ambíguos sobre seu futuro político. Embora declare que sua meta seja o Palácio do Planalto, transferiu seu título eleitoral do Ceará para São Paulo, possibilitando a participação no pleito paulista.
Desta maneira, atenderia aos interesses eleitorais do presidente Lula, que prefere travar uma "disputa plebiscitária" entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB-SP), provável candidato tucano à sucessão.
Segundo estudo divulgado neste fim de semana pelo Datafolha, Ciro obteve 12% das intenções de voto, contra 13% registrados em dezembro.
O índice enfraquece a pretensão presidencial do deputado, que vê em sua candidatura uma forma de capturar para o projeto governista os votos do candidato da oposição.
"As pesquisas não sinalizam no sentido de firmar a candidatura dele à presidência da República", admite Erundina. "Me parece que até o final de março o quadro poderá se alterar".
"Para nós, de qualquer maneira", prossegue a ex-prefeita, "é promissor termos pela primeira vez uma mulher, e não qqualquer mulher, no espaço de poder da presidência da República".
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