Imperialismo manobra para manter o domínio no Egito.
EUA e Europa se movimentam para manter as posições do imperialismo no mundo árabe e, em particular, no Egito, interrompendo o curso da revolução e liderando uma "transição democrática" que não coloque em xeque seus interesses econômicos e geopolíticos na convulsionada região.
O governo estadunidense rechaçou nesta sexta-feira (4), as alegações do presidente do Egito, Hosni Mubarak, de que sua saída neste momento provocaria "o caos" no país, demandando também "passos concretos" no rumo de uma transição. O presidente americano, Barack Obama, procura assim evitar uma ruptura revolucionária no Egito que coloque em xeque o controle do imperialismo sobre o país.
Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, "sugeriu" ao presidente egípcio que dialogue com uma ampla coalizão de oposicionistas e grupos da sociedade civil, para "alcançar uma mudança política".
Gibbs diz que essa é a "única forma" de terminar com a crise, em uma declaração que reforça a percepção de que Washington pressiona Mubarak para que deixe o poder sem que o regime sofra alteração provocada por uma revolução popular.
Ao mesmo tempo o chefe do Pentágono, Robert Gates, conversou nesta sexta com seu colega de pasta egípcio, Mohamed Hussein Tantaoui, em busca de passos concretos para enfrentar a crise.
Por sua vez, o chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA, Michael Mullen, assinalou para a mídia que os militares estadunidenses "mantêm abertas as linhas de comunicação com os egípcios", muitos dos quais foram treinados por forças americanas.
Em declarações ao programa "Good Morning", da cadeia de televisão ABC, Mullen advertiu que a situação é muito volátil e há muitas coisas que não são bem conhecidas em relação à crise, pelo que aconselhou o governo de seu país a "manter a cautela" até obter uma melhor definição do que se passa.
O militar deixou transparecer na entrevista que seu país "está preparado" para "intervir" na situação na nação árabe "caso seja solicitada algum tipo de resposta ou de apoio".
As forças estadunidenses, segundo assegurou, estão agora mais conscientes do que se passa, embora não tenha sido elevados os níveis militares de alerta ou de preparação.
"Temos muita presença militar na região, mas em relação a elevar os níveis de alerta ou de preparação, não temos ainda nenhum indicativo", indicou o militar.
Discussões iniciadas
Já Obama afirmou que, nesta sexta, já começaram "algumas discussões" sobre os detalhes da transição política no Egito, indicando que o regime americano pretende apear Mubarak o mais cedo possível para evitar uma solução que esteja fora de seu interesse.
Obama afirmou também que os EUA trabalham para estimular o presidente do Egito a deixar o poder, em meio à revolta popular no país. Obama também criticou os ataques contra jornalistas, manifestantes e ativistas de direitos humanos.
Obama e seus aliados desejam uma "transição ordenada de poder", reafirmando que o Egito não deve voltar "aos velhos hábitos". Obama quer que "o futuro do Egito seja decidido pelo povo egípcio" mas com um processo de transição com eleições "limpas e imparciais", talvez muito semelhante às promovidas pelos governos títeres do Iraque e do Afeganistão ocupados.
Europeus seguem Obama
A União Europeia promoveu nesta sexta uma reunião de cúpula para pressionar por uma transição imediata no Egito. Em sua chegada a Bruxelas, os dirigentes europeus recomendarem a Mubarak evitar novos episódios de violência e iniciar rapidamente uma transição política.
"Esperamos que as forças de segurança egípcias atuem de forma que assegurem manifestações livres e pacíficas nesta sexta decisiva", assinalou a chanceler alemã, Angela Merkel.
Mubarak perderá toda a "credibilidade que lhe resta aos olhos do mundo ocidental" se as manifestações resultarem em novos atos de violência, advertiu, por sua parte, o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Já a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou que é "absolutamente essencial" que o governo Mubarak inicie um diálogo com a oposição. "Nós estamos sendo muito claros em tudo o que afirmamos. O povo egípcio e o governo devem avançar juntos", disse.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu em Berlim que o processo de transição política no Egito seja iniciado de maneira imediata e que termine com a realização de eleições "livres" e "justas".
"O processo deve começar imediatamente. Não há tempo a perder. Exijo que o regime no Egito escute a voz do povo. Esta exigência vale para todos os governos do mundo", trombeteou Ban, que se encontra em uma visita à Alemanha.
As declarações de Obama e de seus aliados europeus demonstram de maneira inequívoca que o imperialismo teme a revolta popular e pressiona abertamente pela saída de seu amigo Mubarak do poder.
Os Estados Unidos controlam o Egito com uma cessão anual aos seus governantes de mais de US$ 1 bilhão. De acordo com as estatísticas oficiais, a Alemanha exporta armas ao Egito por um valor de 10 milhões a 40 milhões de euros ao ano.
Da redação, com agências
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