O chefe dos espiões de Hosni Mubarak pode significar uma mudança de regime? Omar Suleiman (nascido em Quena em 1935) sempre foi um confidente do faraó. Já era o segundo homem mais poderoso do Egito antes que a revolta na Praça de Tahrir o levasse à vice-presidência. Desde o início sua nomeação foi vista como uma forma de garantir a continuidade. Assim como Mubarak, Suleiman nunca escondeu seu receio da Fraternidade Muçulmana, sua desconfiança do Irã e seu desejo de ter boas relações com Israel e EUA.
A reportagem é de Ángeles Espinosa, publicada pelo jornal El País, e reproduzida pelo Portal Uol, 11-02-2011.
Como Mubarak, o novo presidente é um homem de origens modestas que escapou da pobreza do Alto Egito entrando com 19 anos na Academia Militar do Cairo. Também ampliou sua formação castrense na antiga União Soviética e participou das guerras contra Israel em 1967 e 1973. Nos anos seguintes formou-se em ciências políticas na Universidade do Cairo, ao mesmo tempo que começava a trabalhar para os serviços de informação do exército.
Sua carreira profissional dá uma virada a partir de meados dos anos 1980, pois em sua qualidade de vice-chefe da espionagem militar entra em contato direto com Mubarak. Em 1991 chega a diretor desse serviço e dois anos mais tarde o presidente o nomeia responsável pela Direção Geral de Inteligência Egípcia, a agência nacional de espionagem. Não é exatamente um bombom. O Egito enfrenta então uma onda de atentados e assassinatos dos islâmicos da Gamaa al Islamiya e da Jihad. Suleiman obtém resultados. Sua amizade com Mubarak se reforçou em 1995, quando a previsão do velho espião evitou a morte do presidente em um atentado em Adis Abeba. No momento do ataque estavam juntos no carro blindado que Suleiman fez questão de levar do Cairo.
A partir de 2000 seu nome começa a adquirir repercussão internacional por sua mediação entre Israel e os palestinos durante a segunda Intifada, ou entre os diferentes grupos palestinos depois da retirada israelense de Gaza. Sua discrição lhe dá fama de resolver tudo na sombra, e começam a surgir rumores de que poderia ser um substituto para Mubarak mais aceitável (pelo exército) que seu filho Gamal.
Mas a direção de um dos órgãos de espionagem mais poderosos do Oriente Médio também tem um lado obscuro. Suleiman foi o interlocutor da CIA em seu programa de "rendições" extraordinárias, as transferências secretas de suspeitos de terrorismo para que pudessem ser interrogados sem as limitações que as leis americanas impõem à tortura. Não parece a experiência mais de acordo com as exigências de transparência e responsabilidade que fazem os manifestantes egípcios.
Fonte: IHU
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