Em seu primeiro pronunciamento em rede nacional, na última 5a feira, Dilma prometeu, ou melhor – vou ser otimista – decretou quase tudo que se espera dela. Há quem tenha enxergado apenas mais uma peça publicitária bem acabada como sempre foram as do PT. Foi muito mais do que isso. Dilma não tinha obrigação nem motivos eleitoreiros para usar 5 minutos do horário nobre da Globo. Usou porque tinha o que dizer.
Só para começar, a presidenta carimbou no logotipo de seu governo a principal promessa de campanha: concluir a metamorfose socioeconômica e a erradicação da miséria iniciadas com Lula. Nos próximos 4 ( ou 8 ) anos, o logotipo será visto e usado em todo o território nacional. E mais ainda: a marca do seu governo será vista no mundo inteiro. Só isso já mostra muita coragem e determinação. Vestir publicamente este compromisso, associar-se a este slogan de forma tão explícita, não é para um Zé-Bolinha-de-Papel qualquer.
O segundo item da fala de Dilma, sobre investir pesado em educação, é ponto pacífico para todos: seus 56, os 44 do Serra e o restante dos 190 milhões de brasileiros. Para sermos exatos na conta, vamos subtrair uma dúzia de donos de jornais, rádios e TVs que prefeririam manter a boiada engordando em seus pastos midiáticos manipuladores. Prometeu mais escolas, melhores salários para os professores e mais creches, para que as novas gerações de brasileiros recebam o ensino de qualidade que merecem. Técnica que é, Dilma não vai dar ponto sem nó. Vai atropelar o esquema – pai dos burros – de progressão continuada que não passa de um mecanismo de enrolação típico de governantes que “enxugam” suas obrigações e ainda tratam professor como marginal e pedinte.
Quem pode discordar, torcer contra ou sabotar um projeto destes?
Sem a inspiração golpista de outrora, os derrotados blogueiros da Veja, Falha e Estadão encontraram no Pronatec anunciado por Dilma, “plágio das idéias do ex-mais-preparado”. Por que se fazem de tontos? Porque o argumento cola nas cabeças de seus leitores menos miolados. Em 1998, no embalo do nefasto festival de privatarias e ecoando do fundo do buraco moral, econômico e político de seu governo, FHC e Serra desfizeram-se de mais uma obrigação gerencial: extinguiram os cursos técnicos profissionalizantes sob sua responsabilidade através do Decreto lei 9649. Transferiram a tarefa para os estados e municípios, que por sua vez, jogaram todos os alunos aos leões da iniciativa privada. Em 2004, Lula derrubou o decreto da duplinha tucana e, ao longo de seu governo, somou 214 novas escolas técnicas e matriculou 500 mil alunos. (Lembrando que o Brasil criou apenas 140 escolas técnicas durante todo o século 20!). Portanto, foi justamente Serra – sabidamente nulo em idéias próprias e embusteiro impune em seus 30 anos de vida pública – que, mais uma vez, furtou realizações alheias e apresentou-as em sua campanha. Assim como os Genéricos, Programa da AIDS, o FAT… E o PT nem perdeu tempo em acusá-lo de plágio.
Dilma ainda repercutiu o PNBL – Plano Nacional de Banda Larga – que viabilizará inclusão digital de norte a sul do país a TODOS os brasileiros. A princípio, pode não afetar radicalmente a audiência da Globo. Mas o fiel Homer Simpson e sua “Amélia”, não evitarão que seus filhos joguem a Globo no lixo e optem pela Internet e suas múltiplas possibilidades. Trocando em miúdos: a audiência daquelas porcarias da grade de programação da Globo vai morrer junto com seus expectadores. Os jornais virarão tablóides e continuarão definhando. Não haverá renovação no PIG. Nem de público nem de conteúdo. Ou alguém acha que o recém incluído digital (principalmente o jovem) vai se interessar pela droga da novela alienante que repete a mesma história há 30 anos? Outras opções na telinha? Quais? BBB? Faustão? Galvão? Gugu? Silvio Santos? Datena? Ah… vão se catar! Só a TV Brasil se salva…
Não é preciso muito esforço para acreditar que, mais que promessas, as projeções de Dilma em seu primeiro pronunciamento serão realidade antes do fim de seu mandato: ao contrário de Lula, a presidenta recebeu um país que é o sonho de qualquer recém eleito. Economia bombando, desemprego em queda, reservas batendo em US$ 300 bi, obras de infra-estrutura integrando e beneficiando Norte e Nordeste com o Sul… Sem falar da Copa do Mundo e das Olimpíadas – que vão injetar uma chuva de dólares em nossa economia. Além de gerarem milhares de empregos.
Só faltou uma coisa no pronunciamento de Dilma: falar sobre o marco regulatório das comunicações – que é obrigatório em todos os países democráticos e desenvolvidos. Talvez ela tenha deixado essa questão em banho-maria. Talvez espere receber mais pressão da sociedade para, enfim, “atender-nos”.
FONTE: Blog O que será que me dá?
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