FERNANDO RODRIGUES – FSP.
BRASÍLIA – O programa do PSDB na TV na quinta-feira não foi ruim. Foi péssimo. Sobretudo se a métrica usada for quantificar o número de novos militantes que a legenda obteve depois de aparecer dez minutos no horário nobre.
O comercial teve o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos cinco minutos iniciais. Explicou para uma plateia colocada dentro de um estúdio que o PSDB foi criado para “renovar nossa política”. Em seguida, apareceu Siqueira Campos, governador tucano do Tocantins, que pode ser tudo, menos renovação naquele Estado.
Contradições são inerentes ao processo político. Eis aí Lula e Dilma Rousseff de braços dados com José Sarney e Fernando Collor. Mas no caso do PSDB o partido se presta a expô-las ao máximo, quase num processo de autoflagelação.
O programa está disponível para quem não assistiu no site da legenda (psdb.org.br). Vale o ingresso. O maior partido de oposição do país dá uma aula de falta de rumo e desconexões de discurso.
O presidente nacional tucano, Sérgio Guerra, promete que os congressistas da sigla “denunciarão o desperdício do dinheiro público”. Em seguida, aparece o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias, o mesmo que requereu uma aposentadoria por ter sido governador do Paraná no passado remoto.
A propaganda tucana segue o modelo ortodoxo de mostrar e dar voz aos políticos da sigla -essa é uma praxe entre todas as agremiações. Tudo num horário no qual os brasileiros chegam em casa e estão acostumados a assistir a uma novela ou a um telejornal. É intragável.
O PSDB hoje se esvai numa luta interna entre serristas e aecistas, observados por alckmistas. Todos se arriscam a cometer o mesmo partidocídio já adotado pelo Democratas. Ao final do programa de quinta-feira, alguém fala: “As coisas só mudam de verdade quando a gente muda”. Esse é um bom conselho para o próprio PSDB.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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