Olimpíada 2016: Dilma impede repetição do Pan 2007.
Pedro do Coutto
Na tarde de quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu no Palácio do Planalto o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes e apresentou a ambos o esboço da Medida Provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica que, presidida por Henrique Meireles, vai dirigir e gerenciar as obras que se fizerem necessárias.
A MP – revelam os repórteres Tânia Monteiro e Leôncio Nossa, O Estado de São Paulo edição de 18 – afasta qualquer possibilidade de entendimento direto tanto do estado quanto do município com o Comitê Olímpico Internacional. Segundo a matéria, Cabral e Paes levantaram obstáculos, mas terminaram sendo demovidos, Concordaram com a autoridade da qual o ex-presidente do Banco Central foi investido. Tânia Monteiro e Leôncio Nossa não fazem referência no texto, mas fica claro, por eliminação, a não participação de Artur Carlos Nuzman, presidente do Comitê Brasileiro, ao contrário do que aconteceu no Panamericano de 2007.
A presidente da República – acrescenta a importante reportagem – rejeitou também a ideia do ministro Orlando Silva, que defendia a criação de uma nova estatal para tocar as obras e organizar o evento.
Henrique Meireles vai mandar em tudo. Como se trata de um homem competente, profundo conhecedor das estruturas de preço e também de valores adequados, não vai deixar espaço para superfaturamentos. Como houve em 2007 nos Jogos Panamericanos. As obras, inicialmente orçadas em 400 milhões, acabaram atingindo o montante superior a 1 bilhão e 200 milhões de reais. Algo no estilo que predominou na construção da inacabada Cidade da Música: orçada em 80 milhões, saiu por 540 e ainda precisa de mais 170 milhões para ser concluída. Teria o nome do jornalista Roberto marinho. Mas seus filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, atuais diretores das Organizações Globo, sentindo a dimensão escandalosa do problema, pediram ao então prefeito César Maia que o nome de seu pai fosse retirado do teatro que tentava ser erguido na Barra da Tijuca.
Não sei porque o prefeito Eduardo Paes não o concluiu, sobretudo porque uma obra de tal porte, permanecendo inacabada, termina custando muitíssimo mais cara do que custaria hoje, já embutido no cálculo o sobrepreço de 460 milhões. Mas esta é outra questão.
O essencial, de acordo com o projeto Dilma Roussef, é não onerar o Tesouro em demasiado e, além deste aspecto, já por si fundamental, realizar obras que, após os Jogos Olímpicos, possam ser aproveitadas em sentido coletivo. Assim como se verificou na bela cidade espanhola de Barcelona, após ter sediado mais uma etapa histórica das competições que começaram em Atenas há mais de cem anos. Isso de forma organizada, pois Homero, o pai da poesia, na Grécia antiga, três séculos antes de Cristo, já tornava épicos os confrontos que imortalizaram Ulisses e Aquiles. A começar pela maratona que Hércules venceu em uma das guerras envolvidas na memória do tempo.
Surpreende que tenha sido O Estado de São Paulo o único jornal a dar destaque à decisão da presidente da República, importante sob todos os aspectos, inclusive com reflexo no plano internacional. Pois a decisão de criar uma Autoridade Pública Olímpica, inspirada provavelmente no molde político da Autoridade Nacional Palestina – daí a presença da palavra autoridade – vai repercutir e muito, aqui dentro e lá fora. Mas principalmente no custo das obras e de seu aproveitamento depois de 2016.
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