Do blog Democracia&Política.
QUEDA DE MUBARACK: EUA E ISRAEL SE COMPROMETEM QUE NÃO HAVERÁ PREJUÍZOS À CONTINUAÇÃO DA INVASÃO DA PALESTINA
A principal preocupação “do Ocidente” [sic] (isto é, dos EUA, Israel e seus aliados) é que eventual e indesejável “governo muçulmano” no Egito venha a prejudicar a política em curso, há mais de meio século, de expansão territorial de Israel e de seu fortalecimento militar (inclusive atômico).
Isso atende ao poderoso lobby judeu nesses países e ao interesse dos EUA e de seus aliados europeus de [com o papel israelense de ser, na prática, poderosa base militar dos EUA no Oriente Médio], alcançar o máximo de controle da produção e exportação do petróleo árabe.
A revolta popular no Egito poderia ameaçar esses interesses, pois Mubarack era há décadas conveniente e submisso aliado. Como a sustentação de Mubarack tornou-se impossível, encontraram a solução de alçar ao poder o seu vice, também submisso aliado. Também não foi possível.
Agora, totalmente sob o controle e orientações dos EUA, Mohamed Hussein Tantawi, presidente do Supremo Conselho Militar assumiu o poder no Egito após a renúncia do ditador Hosni Mubarak. Tantawi já é há muito tempo confiável facilitador dos interesses norte-americanos e israelenses na região.
Assim, por enquanto, o levante popular somente serviu para trocar seis por meia dúzia.
As duas reportagens de agências norte-americanas de notícias, a seguir transcritas, apesar de totalmente tendenciosas pró-EUA/Israel, permitem que se percebam em suas entrelinhas esses conceitos acima mencionados.
Inicialmente, vejamos a da agência norte-americana de notícias Reuters publicada pela Folha/UOL:
“EUA PROMETEM IMPEDIR QUE MUDANÇA NO ORIENTE MÉDIO AMEACE ISRAEL
“Os Estados Unidos estão comprometidos em garantir que as mudanças políticas no Oriente Médio, incluindo o levante no Egito, não ameacem Israel [e suas continuadas e crescentes invasões e apropriações dos territórios dos palestinos], disse o vice-secretário de Estado norte-americano, James Steinberg, na quinta-feira.
Seja qual for o novo governo no Egito, ele precisará "honrar o tratado de paz histórico do Egito com Israel" [isto é, não atrapalhará a política militar-expansionista de Israel apoiado pelos EUA], afirmou Steinberg aos congressistas dos EUA.
"Estamos comprometidos em garantir que as mudanças políticas nas fronteiras de Israel não criem novos perigos para Israel e região", disse ele, num depoimento ao Comitê de Assuntos Externos da Casa dos Representantes.
"Ao trabalhar para as transições pacíficas, acreditamos que podemos ajudar a garantir a segurança de Israel [nas novas fronteiras ampliadas com as invasões] no longo prazo, assim como podemos apoiar os governos que respondem mais à sua população", afirmou Steinberg.
O governo norte-americano ficará atento contra as tentativas de "sequestrar" a reforma no Egito para fazer avançar o “extremismo”, disse ele [isto é, “extremista” é qualquer governo que não seja submisso aos EUA].
O Egito foi sacudido por duas semanas de protestos exigindo a saída do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos, antes do fim do seu mandato em setembro. Mubarak recusava-se a deixar o cargo, mas disse que não concorreria à reeleição.
Steinberg repetiu as advertências dos EUA ao governo egípcio de que "passos mais concretos" são necessários para sustentar suas promessas de diálogo com os manifestantes, além de eleições livres e justas [“livre e justa” é aquela cujo resultado seja conveniente para os EUA-Israel].
O governo do Egito tem resistido à pressão cada vez maior vinda dos EUA, seu aliado-chave, e do movimento de protesto.
Steinberg indicou que os EUA prosseguiriam a ajudar economicamente o Egito, dizendo que o país apoiará grupos democráticos e a retomada econômica.
A assistência norte-americana ao Cairo [espécie de “cala-a-boca” para não interferir na política expansionista de Israel] é de cerca de 1,5 bilhão de dólares por ano. A maior parte desse valor, porém, consiste em auxílio militar.”
FONTE: reportagem de Susan Cornwell, de Washington-EUA, divulgada pela agência norte-americana de notícias Reuters (http://www.defesanet.com.br/11_02/110211_04_rts_eua_om.html [título, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog]
A seguir, outra reportagem de agência norte-americana de notícias:
NOVO CHEFE DE ESTADO EGÍPCIO É TIDO COMO RELUTANTE À MUDANÇA
“Funcionários do governo dos Estados Unidos consideram o presidente do conselho militar do Egito, que assumirá o governo nesta fase de transição, como um aliado que tem o compromisso de evitar nova guerra contra Israel. Mas o criticaram em foro privado, no passado, por sua resistência a reformas políticas e econômicas.
Mohamed Hussein Tantawi, 75, presidente do Supremo Conselho Militar que assumiu o poder no Egito após a renúncia do ditador Hosni Mubarak, conversou por telefone com o secretário da Defesa americano, Robert Gates, cinco vezes durante a crise [recebendo as ordens de missão]. A última foi na quinta-feira passada.
O relacionamento com o Egito é antigo e importante para Washington, que fornece US$ 1,3 bilhão em assistência militar às Forças Armadas egípcias a cada ano.
Funcionários do Departamento da Defesa não revelaram detalhes sobre as conversas entre Tantawi e Gates, mas o secretário elogiou publicamente as Forças Armadas egípcias pelo papel estabilizador que exerceram durante a turbulência. Na terça-feira, Gates declarou que as forças egípcias "fizeram sua contribuição para a evolução da democracia".
Mas, reservadamente, [no passado] funcionários do governo americano classificaram Tantawi como um líder "relutante em mudar", e pouco confortável com a concentração dos EUA no “combate ao terrorismo” [isto é, combate aos que prejudiquem interesses norte-americanos na região], de acordo com um telegrama de 2008 do Departamento de Estado divulgado pelo site WikiLeaks.
Tantawi serviu em três guerras contra Israel, a começar pela crise do canal de Suez, em 1956, e também nas guerras do Oriente Médio em 1967 e 1973. É ministro da Defesa e chefe das Forças Armadas desde 1991.
O telegrama diz que "ele tem o compromisso de impedir que nova guerra aconteça". Ainda assim, os diplomatas alertaram, antes de uma visita de Tantawi a Washington em 2008, que os deputados americanos deveriam se preparar para receber um ministro "envelhecido e resistente a [algumas das] mudanças [impostas pelos EUA]".
"Charmoso e cortês, ele ainda assim está preso a um paradigma militar pós-Camp David que serviu bem aos interesses estreitos de seu grupo pelas três últimas décadas", afirmava o telegrama, fazendo referência ao acordo de paz entre Egito e Israel.
Washington há muito instava por mudanças no Egito.
Mas o telegrama afirma que Tantawi "se opôs a reformas econômicas e políticas que considera prejudiciais ao poder do governo central".
Durante as manifestações, ele foi nomeado vice-premiê, após Mubarak demitir seu gabinete em tentativa fracassada de acalmar os protestos, em 29 de janeiro.
Isso levou a especulações de que ele poderia concorrer à Presidência, embora alguns analistas dissessem que ele tinha apoio limitado entre os militares.”
FONTE: de agências estrangeiras de notícias e publicado no portal UOL e Folha.com (tradução de Paulo Migliacci) (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/874654-novo-chefe-de-estado-egipcio-e-tido-como-relutante-a-mudanca.shtml)
[título, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog]
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