Dilma Bolada e Dilma Rousseff
O
estudante Jéferson Monteiro, de 23 anos, morador da Baixada Fluminense,
criou um alter ego que se tornou um fenômeno de audiência nas redes
sociais -- e, de certo modo, na política. Monteiro é o autor da “Dilma
Bolada”, que começou como uma conta no Twitter, migrou para o Facebook,
virou um
blog
e agora se prepara para estrear num canal do YouTube. “As Aventuras da
Dilma Bolada” deve estrear no mês que vem. "Algumas empresas me
procuraram para patrocinar. Tenho uma reunião no Google", diz Monteiro.
Dilma
Bolada tem 155 mil seguidores no Twitter e 531 mil no Facebook. A
notoriedade na Internet acabou lhe abrindo as portas para, finalmente,
encontrar sua musa. Na semana passada, Monteiro esteve com Dilma
Rousseff para uma “entrevista”. Cada um com seu notebook (“o Mac era
meu”), os dois passaram pouco de mais uma hora interagindo. "Muita gente
acha que eu não sou eu. Você se incomoda com isso?", perguntou-lhe
Monteiro. "Não me incomodo. Rio muito. A vida sem humor fica muito
pesada", ela respondeu. A conversa marcou o retorno estratégico de Dilma
às redes sociais. “Eu voltei, voltei para ficar”, disse a Dilma real
para a Dilma Bolada.
Monteiro conversou com o DCM sobre sua criatura, a briga com a Juventude do PSDB de Minas Gerais, humor a a favor e sua musa:
A ideia
Surgiu
em 2010. Eu queria registrar o nome. Sempre fui nessa linha do humor
escrachado. Aos poucos, ganhei mais seguidores. Quando vi, tinha mais de
6o mil pessoas no Twitter e muita gente retuitando o que eu escrevia.
Ela é poderosa. Dilma é durona, heróica. Ela é como uma cantora com
muitos fãs.
O convite
O
[porta-voz da presidência] Thomas Traumann me ligou e disse que ela
queria que eu fosse até Brasília. “A gente pensou num encontro no
Twitter”, ele disse. Claro que eu topei. Quem não toparia? Perdi o
primeiro voo, fui no segundo. Não sabia se ela me acompanhava na
Internet, se sabia o que eu fazia e o que eu ia fazer lá. Dilma saiu de
uma sala com a [presidente da Petrobras] Graça Forster e o [ministro das
Minas e Energia] Edison Lobão. Me cumprimentou, pegou pelo braço, levou
até uma mesa. Tiramos fotos. Abrimos os laptops e começamos a
conversar. Superou as minhas expectativas.
Humor chapa branca?
A
Dilma Bolada não é chapa branca, é chapa quente. Eu gosto da Dilma, sou
a favor dela, mas o que conta é o humor. As pessoas acham engraçado e é
o que importa. Por que tem de ser do contra? Já tem muita gente sem
graça fazendo piada contra. O governo tem prós e contras, claro. Mas eu a
considero uma boa governante. Humor tem de funcionar, não importa se
for contra ou a favor.
Eu
sou apartidário. Não recebo nada do PT. Votei na Dilma, mas não voto em
legendas e sim em pessoas. Minha formação é de publicitário. Acho que,
no fim das contas, a Dilma Bolada é um grande plano de marketing
espontâneo.
O post sobre Aécio que sumiu do Facebook
Até
hoje não sei o que aconteceu. O Facebook diz que foi um erro técnico [o
post: "Inventar mentira contra mim é mole, querido". Foi apagado três
horas depois de publicado]. Não sei se é coisa da Juventude do PSDB em
Minas. Mas eles deram um tiro no pé. Quando o post foi republicado, teve
muito mais compartilhamentos. Eu não tinha nada contra o PSDB, mas
passei a ter. Eles chegaram a criar uma página com o mesmo nome [“
Dilma Bolada, o Fake do Fake”].
Me transformaram num inimigo. Eu só faço entretenimento. Eles são
raivosos.
Nem todos os que me seguem são militantes petistas. A maioria
são jovens bem humorados. Depois, a campanha do Aécio roubou de mim o
bordão “papo reto”. Era a Dilma Bolada que usava isso.
Uso
Eu
não tenho medo de ser usado pelo governo. Hoje, quem usa a Dilma sou
eu... A Dilma Bolada é um perfil de entretenimento com uma pegada
política. Eu não ganho dinheiro do PT. Não aceitaria de maneira nenhuma
que ninguém interferisse na minha linha editorial.
Baixando o santo
O
perfil tem muito de mim e muito da Dilma. É uma entidade que baixa na
hora. Não sei se preferiria ter como adversário o Serra ou o Aécio. O
Aécio rende muita piada. Já o Serra é um clássico. O que os fotógrafos
de jornais fazem com ele já é mais do que suficiente.
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