Passaram-se apenas seis meses, lembram-se?, desde que Dilma Rousseff foi reeleita presidente da República, em 26 de outubro de 2015.
De lá para cá, mudou tudo, e o país virou de cabeça para baixo. Maioria virou minoria, base aliada agora é oposição, o PMDB de Michel Temer assumiu o comando político e, Joaquim Levy, o da economia, fazendo tudo ao contrário do que a presidente prometeu na campanha. A popularidade da presidente caiu em parafuso.
Dilma, que já foi chamada de rainha por seu marqueteiro João Santana, chega ao final de abril completamente perdida em seu labirinto, sem mais ter para onde correr, depois de abdicar dos poderes imperiais do primeiro mandato e implantar a contragosto uma monarquia parlamentarista com figuras como Eduardo Cunha e Renan Calheiros se digladiando para ver quem manda mais.
A tal ponto chegamos que a presidente Dilma não está em condições nem de ir para a TV fazer o tradicional pronunciamento de 1º de Maio. Resolveu se manifestar apenas pela internet, mas com isso pode estar só transferindo os panelaços das varandas e das ruas para as redes sociais, que já estão se mobilizando.
Além de motivos para temer novos protestos se botar a cara na televisão, o fato concreto é que Dilma não teria neste momento nada de novo e de bom para dizer aos trabalhadores. O que é bom não é novo e o que é novo neste governo Dilma-2 não é bom.
Muito ao contrário, como revelam novos números divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. O desemprego subiu para 6,2% da população economicamente ativa, a quarta alta seguida, maior índice dos últimos quatro anos anos. De março de 2014 a março deste ano, 280 mil pessoas perderam o emprego. No mesmo período, a renda dos trabalhadores sofreu uma queda de 3%, a maior em 12 anos.
Na direção oposta, sinalizando para onde sopram os ventos, o banco Santander anunciou que seu lucro cresceu 32% no primeiro trimestre, chegando a R$ 684 milhões. E o tal do ajuste fiscal do Levy, o único projeto do novo governo até agora, ainda nem foi aprovado.
Até a própria crise entrou em crise, deixando o governo de lado, com vários conflitos paralelos deflagrados ao mesmo tempo no Congresso Nacional, entre Renan e Cunha, Senado e Câmara, PSDB da Câmara e PSDB do Senado.
As oposições, que jogaram tudo no impeachment, a reboque das manifestações de rua do "Fora Dilma", agora também não sabem para onde vão e não têm o que dizer no palanque de 1º de Maio montado pelo aliado Paulinho da Força, que será julgado hoje no STF.
A confusão é tão grande que agora é o PMDB quem quer diminuir o número de ministérios, depois de ficar se escalpelando internamente para ver quem ficava com o Turismo, e Renan virou defensor dos trabalhadores contra a terceirização de Cunha a serviço dos empresários. O PT e Lula sumiram.
Não tem perigo de melhorar. E Dilma a tudo assiste, impassível, como se o mundo estivesse sob controle, sem dar o menor sinal de para onde pretende levar seu governo, além do ajuste fiscal, que continua emperrado, enquanto todos os partidos perdem força para as bancadas suprapartidárias lideradas pelo presidente da Câmara, formadas apenas em torno de grandes interesses econômicos conhecidos e outros menos republicanos.
De reunião em reunião, a presidente vai ocupando sua agenda, esperando o tempo passar para ver se esquecem dela, mas é difícil. Depois de dez horas de reunião com seus ministros, no sábado, para discutir concessões e investimentos em infraestrutura, e mais duas, na segunda-feira, com o ex-presidente Lula, nenhuma notícia boa vazou para tornar menos sombrio o cenário deste governo que está completando apenas quatro meses de vida e tem mais quase quatro anos pela frente.
Pobre Brasil.
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