Segundo documento, insurgentes estão presentes em 75% do país.
O Talebã está presente de forma permanente em cerca de 75% do Afeganistão, diz um relatório publicado pelo International Council on Security and Development (Conselho Internacional de Segurança e Desenvolvimento).
Segundo o documento do conselho, que é uma entidade internacional de pesquisas, os rebeldes do Talebã, movimento islâmico linha-dura expulso do poder pelos americanos em 2001, vem ressurgindo como uma força que ameaça o governo do Afeganistão.
O relatório afirma que o Talebã avançou muito além de seu antigo domínio, no sul do país, e chegou aos portões da capital, Cabul.
"Das quatro portas que levam para fora de Cabul, três estão hoje comprometidas por atividades do Talebã", diz a entidade.
"O aumento de sua presença geográfica mostra que as estratégias políticas, militares e econômicas do Talebã são hoje mais bem-sucedidas do que as do ocidente no Afeganistão", afirma.
Metodologia
O Ministério das Relações Exteriores afegão disse que "rejeita fortemente a afirmação sobre a dimensão da presença do Talebã no Afeganistão".
"Além da metodologia questionável e de sua confusão conceitual, o relatório interpreta erroneamente as atividades esporádicas, amedrontadoras e dirigidas à mídia do Talebã", afirmou o ministério.
Segundo o correspondente da BBC em Cabul, Ian Pannell, o relatório é polêmico mas há poucas dúvidas de que a violência no Afeganistão cresceu e de que o movimento rebelde se alastrou e está bem próximo da capital.
A divulgação do relatório coincide com novas tentativas de incentivar negociações de paz com o Talebã, diz o correspondente.
Um encontro entre cerca de 40 representantes dos insurgentes e do governo afegão deverá ser realizado em Dubai dentro de alguns dias.
De acordo com Pannell, o encontro está sendo organizado pelo genro de um dos mais notórios líderes tribais pró-Talebã do Afeganistão e tem o apoio de Washington.
Muitos alertam, no entanto, que isso é apenas um primeiro passo e as expectativas ainda são baixas.
Declaração
Recentemente, o líder do Talebã, Mullah Omar, avisou que a violência no Afeganistão vai aumentar e disse às forças estrangeiras que se retirem do país.
"Os atuais confrontos armados, hoje em dezenas, vão aumentar para as centenas", disse Omar, cujo paradeiro é ignorado. "Suas vítimas, que hoje somam centenas, vão chegar aos milhares."
Segundo o coronel Greg Julian, porta-voz militar dos Estados Unidos, a declaração pública o líder do Talebã, a primeira em quase um ano, é um sinal de que Omar está preocupado com o aumento no número de tropas americanas no Afeganistão.
Julian disse concordar com a declaração de Omar de que haverá mais embates e afirmou que as tropas americanas não vão deixar "redutos seguros" para os militantes no país.
Violência
Atualmente, há 33 mil soldados americanos no Afeganistão, e o presidente George W. Bush anunciou que outros 4.500 homens vão ser enviados ao país no início de 2009.
O número de pessoas mortas no conflito no Afeganistão subiu em anos recentes, com a violência retornando a níveis não vistos desde que o Talebã foi derrubado, em 2001.
Segundo a ONU, entre janeiro e agosto de 2008, 1.445 civis foram mortos - um aumento de 39% em relação ao mesmo período em 2007.
A maioria das mortes foi atribuída ao Talebã, mas o número de civis mortos por forças pró-governo - a maioria em ataques aéreos - também subiu.
Forças afegãs e estrangeiras dizem que centenas de militantes também foram mortos, mas é impossível obter-se números precisos. As mortes entre os militares também aumentaram.
Fonte:BBC BRASIL.
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