Mair Pena Neto
Confesso que já estou preocupado com o futuro da juíza da 2ª Vara Criminal de Guarulhos, que condenou a dona da Daslu a 94 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho e falsidade ideológica. Onde já se viu, dona juíza, botar em cana alguém da elite brasileira por crimes assim? Já, já, vão dizer que isso é mais uma prova do estado policial brasileiro.
Sinceramente, recomendo cuidado, dona juíza. Um policial federal que fez isso com um banqueiro está sendo esculachado publicamente pela mídia como se fosse ele o criminoso. O dito banqueiro foi rapidamente colocado em liberdade por obra e graça do presidente do Supremo Tribunal Federal, o mesmo da cantilena do estado policial. E com o agravante de o banqueiro ter dito antes da detenção que o STF estava dominado.
Pois é dona juíza, seguro morreu de velho. Se fosse a senhora já ia me preparando. A dona da loja de artigos de luxo é muito influente. Conhece gente importante. E, assim como o banqueiro, teve o processo que a levou à cadeia originado por uma operação da Polícia Federal, de nome Narciso.
A Polícia Federal tem sido muito eficiente nas ações contra criminosos de colarinho branco, mas levá-los e mantê-los na cadeia são outros quinhentos. O tal banqueiro também foi preso em operação da PF, batizada de Satiagraha, cuja legitimidade vem sendo questionada.
A advogada da nova hóspede do Carandiru já disse que a prisão dela foi ilegal e que ela não resistirá à prisão por estar adoentada. Os advogados do banqueiro foram pela mesma linha e conseguiram não só difamar o policial responsável pela operação, como o juiz seu colega que decretou a prisão. Neste quesito, contou com os préstimos do presidente do STF, sempre célere nos habeas corpus e na ocupação dos espaços midiáticos.
Olha, dona juíza, fica atenta. Qualquer deslize da sua vida pregressa será explorado à exaustão, por mais que em nada interfiram na sua sentença. De julgadora a senhora passará à julgada, e em pouco tempo ninguém nem lembrará mais os crimes cometidos pela dona da Daslu. Os do banqueiro eram tão ou mais graves, além do flagrante gravado ao vivo de tentativa de extorsão de policial federal.
Os homens de bem continuam acreditando que o dinheiro não compra tudo, mas diante da jurisprudência brasileira nesses casos é melhor por a toga de molho. Converse com o juiz Fausto de Sanctis e conheça em detalhes o que se passou com ele. Prepare a munição, pois a artilharia tende a ser pesada.
Com a admiração de quem ainda acredita no fim da impunidade no nosso país, me despeço.
Fonte:Direto da Redação.
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