Pedro do Coutto.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator na Câmara do projeto Paulo Paim, aprovado pelo Senado, que extingue o fator previdenciário, disse estar procurando uma fórmula que não prejudique os aposentados e pensionistas (são 25 milhões de pessoas) e tampouco desequilibre as contas da União. A matéria sobre o assunto é da repórter Cristiane Jungblut, publicada no “O Globo”, de 27 de março. A intenção do parlamentar é positiva, mas ele comete um erro essencial. Aliás, não só ele.
Alguns tecnocratas propositalmente, outros por ingenuidade ou desinformação. Isso porque, na verdade, os recursos que sustentam as aposentadorias e pensões não são públicos: são particulares. Basta examinar a lei vigente. No caso dos trabalhadores particulares, as empresas empregadoras entram com 22% sobre as folhas de salário, sem limite. Os empregados contribuem com 9,10 ou 11% do que recebem, mas o desconto dos que ganham mais está limitado a 11% sobre 4mil e 650 reais, dez vezes o valor do salário mínimo.
Que é o teto das pensões e aposentadorias. Onde estão os recursos públicos? Em lugar algum. A não ser, única exceção, nas contribuições das empresas estatais. Mas enquanto a força de trabalho no Brasil reúne 95 milhões de pessoas, metade da população total, as estatais têm em torno de 300 mil empregados. Como se verifica, é muito pequena a participação federal. Quase nenhuma.
Sendo privada, a massa de recursos envolvida nas aposentadorias e pensões, aproximadamente 230 bilhões de reais por ano, deveria ser administrada por um colegiado formado por empresários e trabalhadores, que são as fontes do dinheiro. O Ministério da Previdência apenas regula a aplicação da lei.
Sua presença é dispensável. Inclusive é preciso considerar que o seu desempenho, através do INSS, não tem sido eficiente. Com base em relatório do ministro Ubiratan Aguiar, aprovado pelo Tribunal de Contas, as dívidas de empresas e órgãos públicos para com o Instituto, no início de 2007, somavam 141 bilhões de reais. E vinham crescendo à velocidade de 12%a/a. De outro lado, existe uma confusão entre os pagamentos que cabem no INSS e aos que pertencem ao Tesouro Nacional.
Neste segundo caso, referem-se às aposentadorias, pensões e reformas dos servidores públicos civis e militares da União. Este ano, segundo a Secretaria do Tesouro, as despesas com o funcionalismo estão orçadas em 126,7 bilhões. Deste total, um terço refere-se às aposentadorias, pensões e reformas que assistem os servidores. Não são trabalhadores particulares regidos pela CLT. São estatutários. Misturando-se os dois fatores no plano da chamada Seguridade Social, esta passa a apresentar déficit. Falso. Não existe. O sistema não pode ser deficitário em seu conjunto.
Pois se os empregadores contribuem com 22% sobre as folhas salariais, sem limite, e as aposentadorias estão limitadas a dez mínimos, como é possível a despesa superar a receita? Impossível. Existe ainda a contribuição dos próprios empregados. No caso dos funcionários públicos, não pode também haver déficit, pois eles recolhem a vida toda 11% sobre seus vencimentos, igualmente sem limite. Estas parcelas, evidentemente, se acumulam ao longo do tempo. Mas onde se encontram acumuladas? Uma resposta para o governo dar.
E para o deputado Pepe Vargas pensar antes de definir sua exata posição na matéria. Deve ele começar por uma pesquisa na lei da Previdência. E terminar dirigindo um requerimento de informações ao ministro Guido Mantega a respeito da acumulação dos recursos descontados mensalmente dos funcionários durante 35 e 30 anos, tempos de contribuição que dividem homens e mulheres. O fator previdenciário deve ser abolido. O senador Paulo Paim está certo.
Fonte:Tribuna da Imprensa.
4 comentários:
Parabens pelo artigo,agora só falta o senhor que filiado ao pt encaminhar ao sr pepe vargas para ele parar de dizer que ira causar defict na previdencia simplesmente eliminando o FP e convecer o senhor lula este argumento bem esclarecido por v.sª. OBS tambem sempre vote no pt porem estou bem decepcionado com alguns parlamentares do mesmo
mas uma vez parabens pelo seu artigo mostrando com clareza e consistencia seu ponto de vista
Excelente a abordagem do assunto que é de grande importância para a sociedade. Eu acabo de ler um artigo que o Prof. Sergio Araújo Nunes encaminhou aos jornais aqui do Noroeste Fluminense, e ele enfocou o tema sob outro ângulo. De qualquer modo como o que está em jogo é o futuro da nova geração de aposentados, valeu. A única ressalva que faço é quanto ao valor do limite máximo previdenciário, o qual nestes dias gira em torno de R$ 3.200,00, mas isso não é o mais importante.
Gostei muito do enfoque dado ao assunto. Parabéns. A contribuição para esclarecer ao povo brasileiro sobre o que está sendo feito em favor do povo é muito importante. Esse Senador Paulo Paim é demais.
Trata-se de assunto de grande relevância para a sociedade brasileira e que merece ser divulgado sob seus diversos ângulos. Fico feliz em saber que meu artigo está contribuindo para a discussão desse tema, conforme informa o leitor acima que acrescentou nota sobre o valor do limite máximo previdênciário, o qual na realidade é de R$ 3.218,90. Parabéns pela matéria.
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