quarta-feira, 15 de julho de 2009

CHEGA À ITÁLIA O "BANCO DOS POBRES".

O Grameen Bank, do Nobel Yunus, será aberto na Itália dentro de um ano. Partiu de Bangladesh e já desembarcou até em Nova York.

A reportagem é de Massimo Bongiorno, publicada no jornal Il Manifesto, 12-07-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O próprio prêmio Nobel Muhammad Yunus havia feito o anúncio em Milão em março passado: até o final do ano, o Grameen Bank irá abrir na Itália. Portanto, portas abertas ao microcrédito (Grameen Bank significa literalmente "banco rural" ou "banco do vilarejo"). Agora, sabemos que o estudo de fatibilidade, no qual a Unidea (Fondazione di Unicredit), a Universidade de Bolonha e o Grameen Trust trabalharam, terminou com êxito positivo. Iniciará em Bolonha e em Módena: o "traje" jurídico para atuar legalmente no nosso país - a dificuldade técnica maior - será uma espécie de "joint venture" entre o Istituto di Piazza Cordusio e uma ONG.

Quem relata é a única "fiduciária" de Yunus na Itália, a professora Luisa Brunori, convidada a falar sobre microcrédito na última edição de "Poiesis", em Fabriano, que ocorreu em maio. Certamente, um festival de artes e contaminação não parece o lugar mais indicado, mas é preciso mudar os conceitos, porque são justamente as contaminações o coração do projeto do Grameen Bank. Não por acaso Brunori não é uma economista, mas sim uma estudiosa de psicologia dinâmica. E Yunus recebeu recentemente na Alma Mater de Bolonha um título honoris causa em Pedagogia. Por isso, como em todo o lugar se fala muito sobre a necessidade de uma "reeducação financeira", não é o caso de nos fazermos de puristas.

O "núcleo" do sistema de Yunus, dificilíssimo de ser entendido pela nossa cultura econômica, é sim a ideia de emprestar dinheiro exclusivamente na confiança e sem garantias "tradicionais", mas só a indivíduos que constituam "grupos". Na Itália também funcionará assim: quem tem um projeto a ser financiado, deve encontrar pelo menos outras quatro pessoas na mesma condição, cada uma com a sua empresa diferente. Semanalmente, o grupo deverá se encontrar para monitorar o andamento dos projetos individuais junto com um enviado do Grameen Bank. Sem nenhuma partilha das responsabilidades: o crédito continua individual e deve ser restituído, a cada semana, individualmente. "Criam-se mecanismos virtuosos para o crescimento de um projeto social participativo – explica a professora Brunori –, que são análogos àqueles que podem ser encontrados nas psicoterapias de grupo, em que o sucesso terapêutico é, em média, 13 vezes superior do que as psicoterapias individuais".

É fato que, hoje, o Grameen Bank doou créditos com generosidade "na confiança" de mais de seis milhões de euros a oito milhões de pessoas, em sua ampla maioria mulheres, com uma taxa de retorno altíssima: 98%. E não apenas em Bangladesh. Em janeiro de 2008, o Grameen desembarcou até na capital – pelo menos cultural – do capitalismo financeiro, Nova York, em Jackson Heights, no Queens. Lá, fez empréstimos de 1.327.391 dólares a 689 pessoas a quem nenhum banco "normal" daria crédito: a taxa de retorno é de 100%.

E ouvir essas notícias a dois passos das papelarias de Fabriano que preparam o papel filigranado no qual o Banco Central [italiano] imprime, há meses, as centenas de milhões de euros com os quais está refinanciando os chamados "bancos normais" causa um "certo efeito".
Fonte:IHU

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