Mair Pena Neto.
Cuba tem um papel proeminente na consolidação da independência de Angola. Em 1975, quando as tropas portuguesas ainda deixavam o país africano, Agostinho Neto solicitou ajuda cubana para conter a ofensiva que sofria pelo norte, das tropas do Zaire, do ditador Mobuto, que apoiavam Holden Roberto e sua Frente Nacional de Libertação de Angola, e pelo sul, pelo exército sul-africano, via o território ocupado da Namíbia. O objetivo de ambos era chegar a Luanda antes da proclamação da independência de Angola, que seria decretada pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), liderado por Agostinho Neto. Ainda havia a oeste o assédio da Unita de Jonas Savimbi, armada pelos EUA e África do Sul, via Zâmbia.
Em um dos maiores esforços logísticos de que se tem conhecimento, Cuba deflagrou a Operação Carlota, assim batizada em homenagem a uma escrava negra que rebelou-se contra seus senhores em Cuba, no século 19, e enviou soldados, técnicos, voluntários e armamentos em seguidas viagens por aviões e navios obsoletos, que cobriram os 10.000 quilômetros entre os dois países em condições inacreditáveis.
Do primeiro contingente, que se uniu aos angolanos no início de novembro, até março de 1976, quando as tropas sul-africanas abandonaram definitivamente o território angolano, foram quatro meses de intensas batalhas que expulsaram os inimigos ao sul e ao norte e consagraram a independência de Angola.
Mas em 1987, a África do Sul racista, com apoio dos Estados Unidos, voltou a atacar e a ameaçar novamente a soberania de Angola, avançando rumo a Cuito Cuanavale, no sudeste do país, onde estava uma antiga base aérea da Otan. Os sul-africanos atacaram as tropas angolanas que iam rumo à fronteira sul do país para desmontar o que restava da Unita de Jonas Savimbi.
Cuba se opunha a essa ofensiva no sul e expressou isso a angolanos e soviéticos, segundo conta o próprio Fidel Castro, no livro “Biografia a duas vozes”, de Ignácio Ramonet. “Ali não havia nenhum cubano, porque eu já lhes havia dito: Não contem conosco nessa aventura”, relata Fidel, na entrevista.
Mas o que estava em jogo era a sobrevivência de Angola, e Cuba, em novo esforço de guerra, enviou 55 mil soldados ao país africano, que se dividiram em duas frentes: no sudoeste, em direção à Namíbia, e no sudeste, rumo a Cuito Cuanavale. As tropas sul-africanas foram varridas do território angolano após uma longa batalha, que lançou as bases para a independência da Namíbia, em 1990, e o fim do regime do apartheid na África do Sul, como reconheceu Nelson Mandela.
Segundo Fidel, mais de 300 mil combatentes e 50 mil civis cubanos estiveram em Angola ao longo da guerra. Cuito Cuanavale foi considerada pelo líder cubano a maior operação militar em que intervieram forças cubanas em toda a história. Perguntado por Ramonet sobre que lição tirava da guerra em Angola, Fidel advertiu: “O que um povo capaz daquela proeza não faria se chegasse o momento de defender sua própria terra!”
Fonte:Direto da Redação.
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