Forças da polícia anti-motins de Honduras reprimiram nesta quarta-feira a uma manifestação de organizações femininas anti-golpistas que protestavam frente a uma instituição governamental.
Imagens difundidas pelo canal 36 da televisão mostraram um dos agentes apontando para o peito de uma das manifestantes um fuzil lança-granadas lacrimogêneas e a reação indignada da mulher.
"Têm-nos agredido a muitas. Têm-nos agarrado pelas costas. Eles, porque têm as armas, não os podemos enfrentar", disse à televisão uma exaltada mulher.
Outra das vítimas, identificada só como Kelia, mostrou aos cinegrafistas as lesões sofridas no pescoço devido a uma “gravata” que lhe aplicou um dos agentes.
Agarraram-me pelo pescoço, relatou a mulher e comentou que tratou de impedir um golpe que sofreu uma de suas companheiras.
As manifestantes bloquearam as entradas do Instituto Nacional da Mulher, nesta capital, para repudiar aos responsáveis dessa entidade governamental nomeadas pelo governo de fato, ao qual acusam de golpista.
Representantes das organizações femininas tomaram pacificamente ontem essa dependência, em repudio ao golpe militar que depôs ao presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho passado.
Esta é uma instituição nossa, do povo, disse à repórter uma das manifestantes.
5.000 mulheres na manifestação
Uns 5.000 partidários do deposto presidente hondurenho Manuel Zelaya se manifestavam nesta quarta frente à sede do Instituto Nacional da Mulher (INAM) exigido a destituição da diretora da entidade, María Martha Díaz, ao qualificar-la como "golpista".
"Ela é uma golpista e não se aceitam golpistas", afirmou á AFP Juan Barahona, um dos assessores do Bloco Popular (BP), uma aliança de organizações sociais integrantes da Frente de Resistência que luta pelo restabelecimento de Zelaya no poder.
O presidente interino, Roberto Micheletti, empossou Díaz como diretora do Instituto da Mulher.
No entanto, os trabalhadores do INAM tomaram o edifício na terça-feira passada e nesta quarta chegaram agentes policiais do comando especial "Cobra" para ocupar as instalações.
"Algumas companheiras foram golpeadas pelos «cobras» e por isso viemos exigir a destituição" de Díaz, afirmou Barahona.
Os manifestantes da Resistência se concentraram na sede da Universidade Pedagógica, a leste da cidade, e desfilaram até a sede do INAM na mesma zona da capital.
Barahona indicou que os membros da resistência resolveram em uma assembléia as ações que empreenderão entre quinta e sexta-feira para exigir o regresso de Zelaya.
"Quarta e quinta-feira vai haver muita mobilização social em todo o país e bloqueios em estradas", anunciou o dirigente popular Rafael Alegría.
O dirigente sentenciou que "quem tem a solução do problema do país é Micheletti" permitido o retorno de Zelaya.
Advogou por uma solução do conflito de Honduras na continuação do diálogo, a partir do próximo sábado, na Costa Rica, com a mediação do presidente Oscar Arias.
A solução "depende de Micheletti, os grupos do poder, dos empresários e dos militares que são os que criaram esta enorme crise. Nós só temos dado resposta pela via da mobilização pacífica e quiséramos que entendessem que necessitamos resolver esta crise pela melhor via permitindo o retorno pacífico do presidente Zelaya", sublinhou.
O governo de fato enfrenta uma onda de indignação popular que chegou nesta quarta-feira a 18 dias após explodir apenas conhecido o seqüestro de Zelaya e seu traslado à força até a Costa Rica por militares encapuzados.
Grupos de estudantes ocuparam nesta quarta a Universidade Nacional Pedagógica, enquanto outras organizações da Frente Nacional contra o golpe de Estado realizaram uma marcha até o congresso, onde realizaram um ato exigindo a restituição da ordem constitucional.
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Original em Tribuna Popular/Site Do velho comunista.
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