domingo, 5 de julho de 2009

HONDURAS - Igreja apoia os golpistas e pede que Zelaya não volte.

Há um homem muito influente em Honduras e que até agora permanecera em silêncio. Esse homem assistiu a todas as reuniões secretas feitas na Embaixada dos EUA para tentar evitar o golpe de Estado. Nessas reuniões, o cardeal Oscar Rodríguez se mantinha sempre numa estranha equidistância. Ontem, no entanto, a abandonou. O cardeal, que esteve a ponto de se vestir de branco depois da morte de João Paulo II, pois era um forte candidato ao papado, fez um pronunciamento na televisão pedindo que Manuel Zelaya não volte a Honduras. “Eu sei que o senhor ama a vida”, disse o cardeal salesiano, “sei que o senhor respeita a vida, e até o dia de hoje não morreu nenhum hondurenho”. Mas o seu regresso ao país neste momento poderá desatar um banho de sangue. Por favor, medite. Porque depois será tarde demais”.

A notícia é do jornal El País, 05-07-2009.

Isso aconteceu na metade da manhã de ontem, sábado. Nem duas horas depois, Xiomara Castro, esposa do presidente Zelaya, informou desde o seu refúgio: “Sim, falei com o meu marido. Ele vem amanhã”. E poucos minutos depois, o próprio presidente deposto falava para a venezuelana Telesur: “Estarei no aeroporto de Tegucigalpa com vários presidentes, vários membros da comunidade internacional. Neste domingo estaremos em Tegucigalpa abraçando-os, acompanhando-os para fazer valer o que tanto temos defendido em nossa vida, que é a vontade de Deus através da vontade do seu povo”.

Assim, portanto, o cardeal e Zelaya, ambos tomando a Deus por testemunha, iniciaram um diálogo de surdos que eleva a tensão da crise em Honduras a níveis realmente alarmantes. O cardeal Rodríguez, cuja mensagem foi transmitida de forma obrigatória por todas as cadeias de televisão – se desquitou de tanta mesura e se colocou definitivamente ao lado dos golpistas.

Há uma pergunta que circula de boca em boca em Tegucigalpa e que resume muito bem o estado de ânimo da população: “Você acredita que ele virá?”. Há quem diz que sim e quem diz que não, mas ninguém é capaz de apostar uma moeda numa ou noutra opção. Diga o que diga Zelaya. Diga o que diga o cardeal.
Fonte:IHU

5 comentários:

Anônimo disse...

http://anticlerical.multiply.com/photos

igreja amiga da democracia

MOITAVERDEJANTE disse...

TODA A VEZ QUE A IGREJA RESOLVE SE METER NA POLÍTICA, ELA SÓ FAZ M....!

Anônimo disse...

http://ingoldwetrustt.blogspot.com/2009/07/processo-contra-o-banco-vaticano-e-cia.html

Anônimo disse...

A ação golpista do papável Oscar Rodrigues não foi consensual nas bases da igreja hondurenha. O bispo Luis Affonso, da Diocese de Copán, repudiou “a substância, a forma e o estilo com que se impôs ao povo um novo chefe do Poder Executivo”. Já a Rádio Progresso, ligada aos jesuítas e que se opôs ao golpe, foi invadida por 25 militares, que ordenaram o cancelamento “de maneira absoluta da programação” e agrediram os trabalhadores. Ela também gerou críticas do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), que condenou o golpe, e causou mal-estar até no Vaticano.

Segundo o correspondente do jornal Clarín em Roma, caiu a máscara do cardeal. “Considerado um papável no conclave de abril de 2005, que elegeu Bento 16, com seu gesto lamentável ele perdeu todas as chances que ainda tinha de ser o eventual sucessor do atual pontífice. Maradiaga, um dos mais conhecidos cardeais latino-americanos, com vastos contatos em todos os níveis da Cúria de Roma, fez mais do que apoiar o golpe. Sua Eminência é um inspirador dos golpistas. Ele os brindou com uma cobertura que os reforça e contribui ainda mais para ferir a causa democrática na America Latina, onde os golpes de Estado pareciam um anacronismo superado”.

O golpismo da Conferência Episcopal de Honduras confirma as opiniões do escritor uruguaio Jorge Majfud. “Na América Latina, o papel da Igreja Católica quase sempre foi o dos fariseus e dos mestres da lei que condenaram Jesus na defesa das classes dominantes. Não houve ditadura militar, de origem oligárquica, que não recebesse a benção de bispos e de sacerdotes influentes, legitimando a censura, a opressão e o assassinato em massa dos supostos pecadores... Agora, no século XXI, o método e os discursos se repetem em Honduras como uma chibatada no passado”.
Altamiro Borges

Anônimo disse...

A ação golpista do papável Oscar Rodrigues não foi consensual nas bases da igreja hondurenha. O bispo Luis Affonso, da Diocese de Copán, repudiou “a substância, a forma e o estilo com que se impôs ao povo um novo chefe do Poder Executivo”. Já a Rádio Progresso, ligada aos jesuítas e que se opôs ao golpe, foi invadida por 25 militares, que ordenaram o cancelamento “de maneira absoluta da programação” e agrediram os trabalhadores. Ela também gerou críticas do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), que condenou o golpe, e causou mal-estar até no Vaticano.

Segundo o correspondente do jornal Clarín em Roma, caiu a máscara do cardeal. “Considerado um papável no conclave de abril de 2005, que elegeu Bento 16, com seu gesto lamentável ele perdeu todas as chances que ainda tinha de ser o eventual sucessor do atual pontífice. Maradiaga, um dos mais conhecidos cardeais latino-americanos, com vastos contatos em todos os níveis da Cúria de Roma, fez mais do que apoiar o golpe. Sua Eminência é um inspirador dos golpistas. Ele os brindou com uma cobertura que os reforça e contribui ainda mais para ferir a causa democrática na America Latina, onde os golpes de Estado pareciam um anacronismo superado”.

O golpismo da Conferência Episcopal de Honduras confirma as opiniões do escritor uruguaio Jorge Majfud. “Na América Latina, o papel da Igreja Católica quase sempre foi o dos fariseus e dos mestres da lei que condenaram Jesus na defesa das classes dominantes. Não houve ditadura militar, de origem oligárquica, que não recebesse a benção de bispos e de sacerdotes influentes, legitimando a censura, a opressão e o assassinato em massa dos supostos pecadores... Agora, no século XXI, o método e os discursos se repetem em Honduras como uma chibatada no passado”.
Altamiro Borges