O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, Yvo de Boer, disse, em tom pessimista, que o andamento das negociações preparatórias para a cúpula de Copenhaga (Dinamarca) não permitem "dizer que esta geração será capaz de evitar a mudança climática". A declaração foi dada na quinta-feira (25). Numa sessão da Comissão Mista para a Mudança Climática do Parlamento espanhol, De Boer afirmou que é uma questão de sobrevivência para a humanidade combater o fenômeno. Hoje, não há dúvida que "é preciso reduzir radicalmente a emissão de gases causadores do efeito estufa para que não ultrapassemos o limite do caos climático, porque, quando o cruzarmos, não haverá lugar na Terra onde se esconder. Para ninguém", disse o especialista. Apesar das advertências, De Boer disse acreditar que ainda há tempo para evitar "o caos". Porém, será preciso utilizar este período disponível "sabiamente", já que a cúpula de Copenhague é "a oportunidade desta geração para o alcance de um pacto decisivo para o clima". O encontro na Dinamarca, que acontecerá em dezembro, tentará estabelecer um novo acordo global em substituição ao Protocolo de Kyoto, cuja vigência termina este ano. De Boer se referiu às negociações preparatórias para a cúpula no fim do ano. Segundo ele, o processo encontra-se agora numa "fase crítica". Até agora, informou, houve "progressos, propostas claras, muitas ideias interessantes e avanços importantes", como o compromisso demonstrado pelos Estados Unidos, que não assinaram o Protocolo de Kyoto, e o estabelecimento de um "diálogo construtivo" com a China, o maior emissor mundial de gás carbônico (CO2). No entanto, ressaltou o especialista, agora é preciso "mais ação" de todos os envolvidos. Só assim será possível um acordo que alie a redução das emissões e a geração eficiente de energia. Para De Boer, o acordo terá que definir "com uma clareza inequívoca" a quantidade de países industrializados que reduzirão suas emissões. Deverá também, acrescentou, deixar "muito claro" o que os países em desenvolvimento terão que fazer. Outro ponto importante, de acordo com o especialista, é o estabelecimento de um compromisso financeiro "estável" para que os países mais pobres possam se adaptar e ajudar a minimizar os efeitos da mudança climática. Por fim, é preciso que o acordo dê voz e voto às nações em desenvolvimento na gestão desses recursos financeiros. Para isso, as partes terão que decidir quem administrará o dinheiro: a Convenção das Nações Unidas --como querem os países em desenvolvimento - "ou outros canais", conforme pretendem os industrializados. Fonte: Folha Online/Ecoblogue. |
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