sexta-feira, 3 de julho de 2009

POLÍTICA - Na guerra do Senado, o que está em jogo é 2010.

Ricardo Kotscho

A esta altura do campeonato não é mais segredo para ninguém: o que está em jogo na guerra do Senado, que a cada dia mais se afunda numa crise sem fim, não é o destino político do imortal José Sarney, mas a sucessão presidencial.

Vinte anos depois de deixar a presidência da República, ao assumir pela terceira vez a presidência do Senado, Sarney tornou-se uma peça-chave no jogo de xadrez que está sendo montado agora para definir as alianças para 2010.

Como sempre, o PMDB, que está dividido e não tem candidato, pode ser o fiel da balança na sucessão de Lula, que pela primeira vez não será candidato desde a redemocratização do país.

Governo e oposição disputam o apoio do partido que conta com o maior tempo de televisão, maioria na Câmara e no Senado, de governos estaduais e prefeituras no país.

Tem o PMDB lulista de Sarney e tem o PMDB serrista de Quércia e Jarbas Vasconcelos, mas ninguém é capaz de dizer hoje de que lado ficará a maioria do partido. Tudo vai depender das pesquisas no início de 2010. O PMDB velho de guerra, como todos sabemos, só não quer ficar fora do poder.

É só por isso que o presidente Lula, mesmo sabendo do desgaste que isto pode causar à sua imagem e à do PT, joga tudas as suas fichas para segurar Sarney na presidência do Senado e a oposição se une para tirá-lo de lá.

Como pano de fundo, paira a instalação da CPI da Petrobras, o último trunfo encontrado pela oposição para desgastar o governo Lula e a sua candidata, a ministra Dilma Roussef, depois de perder as esperanças nos efeitos da crise econômica mundial para abalar a popularidade do presidente Lula.

Ou alguém em sã consciência imagina que a aliança demo-tucana está mesmo preocupada com a moralização do Senado e a gestão da Petrobras?

Desde a posse de Sarney, em fevereiro, o Senado está paralisado com a avalanche de denúncias produzida pela tabelinha entre a oposição e setores da imprensa, com o noticiário alimentando as discussões em plenário e vice-versa, jogando lenha na fogueira de uma crise que ninguém sabe quando e como vai acabar, se é que termina antes da campanha eleitoral.

A 15 meses das eleições gerais, dá a impressão de que nosso destino político está sendo decidido agora numa disputa de vale tudo nos subterrâneos do Senado pelo espólio do PMDB.

É tudo muito triste e muito pobre, convenhamos, para um país que tanto lutou pela democracia e pela volta das eleições diretas para presidente da República.

O pior é que não há no horizonte o menor sinal de que algo possa mudar em 2010, qualquer que seja o vencedor das eleições. Como aconteceu nos oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso e, depois, com Lula, ninguém governa o país sem o PMDB _ e ninguém consegue governar em paz com ele.

Fonte:Balaio do Kotscho.

Um comentário:

Jacqueline Pereira disse...

Senhor Carlos Augusto,
o senhor acha que seria possível o povo brasileiro conseguir, através da internet, fazer pressão política significativa na cobrança de determinadas ações do governo?

Para exigir as investigações contra José Sarney por exemplo.

Imagine um blog ou através de e-mails reencaminhados onde um grande número de brasileiros deixassem claro suas exigências e que isto fosse significativo para mudanças de rumos em brasília... o senhor acha isso possível?