Uma vez mais, durante os acontecimentos registrados no Irã, o nome do Twitter apareceu na cena midiática. É que esta sociedade norte-americana criou uma ferramenta de comunicação utilizada por milhões de adeptos. Trata-se de um serviço gratuito que permite aos internautas publicar mini-mensagens (de no máximo 140 caracteres), nos quais informam sobre seus contatos, contam o que estão fazendo no momento ou remetem a outras páginas da internet ou a vídeos. Extremamente reativa, esta ferramenta pode ser utilizada como uma mensageira instantânea e como blog.
Em razão de seu grande sucesso de público e sua midiatização, o Twitter procura seu modelo econômico. Biz Stone, de 35 anos, um dos co-fundadores da rede, conta para onde se dirige o fenômeno da internet do ano.
A entrevista foi concedida ao jornal francês Le Monde, 25-06-2009, e foi reproduzida pelo jornal argentino Clarín, 06-07-2009. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista de Biz Stone.
Como nasceu o Twitter?
Em 2006, a ideia da mensagem instantânea serviu de inspiração. Cada membro indica se está em linha ou não e se deseja comunicar-se. Com Jack Dorsey, co-fundador do Twitter, pensamos que seria interessante saber o que todos estão fazendo a todo momento e que seria bom criar um serviço de mensagens acessível de maneira muito simples, por exemplo, no celular. O Twitter nasceu desta reflexão, mas foram as pessoas que transformaram a ferramenta pelo uso.
O Twitter continua sendo um serviço gratuito. Gerará algum dia alguma cifra importante?
Em 2009, não podemos falar de receitas. É um ano de experimentação de nosso modelo econômico. Não se trata de criar um modelo publicitário para estabelecer vínculos com as grandes marcas e ver os serviços que necessitam. Muitas marcas utilizam o Twitter para interagir com os seus clientes. No momento, se limitam a criar contas gratuitas. Nós queremos provar os usos comerciais do Twitter sem que nos alienemos dos membros. Podemos criar contas comerciais pagas com funções melhoradas e propor às empresas ferramentas de medidas e estatísticas. Mas o serviço Twitter continuará sendo gratuito.
É verdade que recusou uma oferta de compra feita pelo Facebook que avaliou o Twitter em 500 milhões de dólares?
Essa oferta não nos interessava. A sociedade tinha apenas dois anos. Queremos mostrar que podemos crescer e ganhar. Ainda estamos entre 1% e 2% da nossa aventura.
Quais são as suas relações com o Facebook, o Google e os meios tradicionais?
Com o Facebook temos zonas de superposição, mas cada vez nos complementamos mais. Muitas pessoas utilizam o Facebook e o Twitter ao mesmo tempo. Com o Google não competimos, não pretendemos ser um buscador. Quanto aos meios tradicionais, somos complementares. É certo que durante determinado acontecimento deixamos para trás as agências de notícias. Somos muito bons para as notícias de última hora. Mas não temos nem a perspectiva nem a análise dos jornalistas.
É verdade que durante os acontecimentos do Irã o governo norte-americano pediu que adiassem uma operação de manutenção que corria o risco de interromper o seu serviço?
Sobre o Irã, é importante destacar o papel crucial que uma plataforma aberta de troca de informações joga: ajuda as pessoas a compartilharem o que sabem. Quanto à operação de manutenção, a adiamos várias vezes. Havíamos combinado que seria no dia 19 de junho. Tivemos reações por parte dos membros do Twitter que nos diziam que não podíamos fazê-la nesse momento. Recebemos um pedido do governo norte-americano, mas em nenhum caso foi uma ordem ou um mandato condenatório. Isto prova que o governo reconhece o valor da ferramenta. Fomos nós que decidimos atrasar algumas horas a operação de manutenção e reduzir o tempo da sua duração.
Fonte:IHU
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