domingo, 19 de julho de 2009

UM TROGLODITA POLÍTICO.

Mário Augusto Jakobskind

Ao completar cem dias do governo israelense de Benajmin Netanyahu, paira quase um total silêncio sobre o que está acontecendo na área palestina. Nada avançou em termos de resolução do conflito palestino-israelense, apesar dos discursos do Presidente Barack Obama repetindo o que se fala há mais de 20 anos, ou seja, a necessidade da criação de um Estado Palestino. Israel continua construindo colônias na área da Cisjordânia, na prática com o sinal verde do protetor Estados Unidos.

Comparando-se com os acontecimentos em Honduras, onde o presidente constitucional Manuel Zelaya foi deposto por um golpe militar, o que acontece no Oriente Médio tem algo parecido em matéria de posicionamento da Casa Branca. Barack Obama condenou o golpe, mas não moveu uma palha no sentido de cortar a ajuda militar que os Estados Unidos fornecem ao Exército hondurenho ou mesmo retirar o embaixador. Quando foi falar com a Secretária de Estado, Hillary Clinton, Zelaya obteve respostas evasivas e pedido de calma.

E o que ocorre em relação a Israel? Obama em um determinado momento chegou até a falar contra a construção de novas colônias israelenses na área palestina, mas no frigir dos ovos tudo ficou apenas no discurso.

Israel tornou-se um Estado guerreiro e até mesmo delinquente ao desafiar as leis internacionais. E tudo fica por isso mesmo, pois tem a proteção de Washington, independente de quem esteja no governo.

Para se ter uma idéia, há poucos dias Israel deteve um pequeno barco que saiu de Chipre e levava suprimentos, inclusive remédios, para a população da Faixa de Gaza, que continua sob sítio, agora ordenado pelo governo extremista de Benjamin Netanyahu. No barco viajavam figuras ilustres, inclusive a ex-candidata a Presidente da República dos Estados Unidos e ex-congressista Cynthia McKinney. Nenhuma nota de protesto, pelo menos que tenha sido divulgada, foi emitida pela Casa Branca contra a medida arbitrária envolvendo cidadãos estadunidenses.

Relatório de uma Ong palestina de defesa dos direitos humanos denunciou as condições em que mulheres palestinas são mantidas presas em Israel, indicando que grávidas em trabalho de parto são transportadas para o hospital com as algemas. Elas são amarradas à cama quando entram na sala de parto, e depois de dar à luz são mais uma vez algemadas, revela ainda o relatório da associação palestina de defesa dos direitos humanos.

Vale lembrar que o Presidente Barack Obama pediu recentemente a Israel que permitisse a entrada em Gaza de suprimentos humanitários e de reconstrução para aquela parte do território palestino, cujos habitantes enfrentam uma situação de desespero, segundo a Cruz Vermelha, com precário atendimento médico nos hospitais. Milhares de pessoas que tiveram suas casas destruídas com os bombardeios israelenses de dezembro e janeiro passado estão sem ter onde morar e ainda por cima o governo Netanyahu se recusa a autorizar a entrada de cimento e outros materiais de construção em Gaza.

Matéria no jornal espanhol El Pais informar que soldados israelenses admitiram que recebiam ordens para atirar em palestinos seja em que circunstâncias fosse durante os bombardeios em Gaza.

Da mesma forma que em Honduras, Barack Obama fala e não age. Há quem diga que no caso do golpe militar teria sido testado pelos falcões do Pentágono, incrustados em território hondurenho, prestando assessoria militar na área castrense. No caso de Israel, o lobby sionista estaria pressionando Obama no sentido de aceitar ou pelo menos silenciar diante das ações do atual governo contra os palestinos.

Há ainda um agravante em matéria de Israel: Avigdor Lieberman, atual Ministro do Exterior do governo Netanyahu. Lieberman, natural da Moldávia, uma ex-república soviética, é um político racista e em inúmeras oportunidades se manifestou de forma odiosa aos palestinos. Em dezembro de 2008 defendeu, em uma entrevista no jornal Haaretz, o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais, devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”.

Este troglodita sionista já como Ministro das Relações Exteriores, no mês passado, fez um discurso no Parlamento ameaçando “transformar o Irã num aterro”, com o uso de armas nucleares.

Pois não é que Joe Biden, o vice de Barack Obama, mesmo tendo consciência de que Lieberman é fator de agravamento da tensão e não mede palavras, declarou recentemente que Washington não impedirá Israel de bombardear o Irã.

E é o mesmo Lieberman que tem programada uma visita ao Brasil nos próximos dias, possivelmente com a “missão” do extremista Netanyahu de pressionar o governo Lula no sentido de romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais.

Por estas e muitas outras, Avigdor Lieberman não pode ser recebido com flores pelos brasileiros.
Fonte:Direto da Redação.

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