terça-feira, 25 de agosto de 2009

ANOS DE CHUMBO - Uruguai: Mujica promete investigar crimes da ditadura.

O candidato da coalizão governista Frente Ampla à presidência do Uruguai, José Mujica, afirmou que, caso seja eleito, poderá criar uma "Comissão de Verdade", que teria como objetivo investigar crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura que governou o país entre 1973 e 1985.

Mujica, que foi guerrilheiro e chegou a permanecer preso entre 1972 e 1985, também incentivou a população a votar pela revogação da chamada Lei de Caducidade, que deu anistia a agentes da repressão.

A votação ocorrerá no mesmo dia para o qual está marcada a eleição presidencial, 25 de outubro, e por esta razão Mujica considera que a possível queda da anistia é a "primeira decisão" do povo uruguaio no processo de apuração e julgamento de crimes cometidos pelo regime ditatorial.

"Hoje, a primeira decisão está nas mãos do povo uruguaio", lembrou. "Se, em outubro, os cidadãos se expressarem contra a Lei de Caducidade, será preciso criar mecanismos, e a Comissão [de Verdade] poderia ser um deles", disse Mujica, que concedeu uma entrevista ao jornal La República.

Esta foi a segunda vez que o candidato governista, favorito na disputa, segundo as pesquisas, fala da possibilidade de criar uma instância para investigar possíveis violações dos direitos humanos.

Na semana passada, durante uma visita que fez ao Chile junto a seu companheiro de chapa, o candidato a vice-presidente Danilo Astori, Mujica já havia abordado o tema. Promulgada em 1986 e aprovada em um primeiro referendo três anos depois, a Lei de Caducidade anistiou policiais e militares acusados de participar da repressão a adversários do regime.

Pesquisa

A aliança governista de esquerda Frente Ampla recuperou eleitores e tem 44% das intenções de voto, ainda que a soma da oposição supere os 47%, de acordo com nova pesquisa, realizada a dois meses das eleições presidenciais do Uruguai.

O cenário de segundo turno em novembro, um mês após o pleito marcado para 25 de outubro, ainda é o mais provável para o sucessor do atual presidente, Tabaré Vázquez. De acordo com pesquisa da Interconsult, em agosto, a Frente Ampla teve a preferência do eleitorado e o Partido Nacional, de oposição, caiu para 35%.

Considerando a intenção dos eleitores nos últimos anos, a aliança governista mantém-se como primeira força política do país, agora com a chapa formada ppelo senador José Mujica e por seu vice, o ex-ministro da Economia Danilo Astori, que tem vantagem de 44% nas intenções, contra os 35% do Partido Nacional, com os candidatos Luis Lacalle e Jorge Larrañaga - um ponto a menos do que registrado em julho.

O Partido Colorado, com a dupla Perdo Bordaberry e Hugo de Leon, mantém-se em terceiro lugar com 10% da preferência, enquanto o Partido Independente, com o candidato Pablo Mieres, registra 2% das intenções de voto.

Divulgada pelo jornal uruguaio Ultimas Noticias, a pesquisa revelou que a esquerda teria mais de 50% dos eleitores, enquanto o Partido Nacional segue com vantagem no interior do país, superando 40%. "Sem dúvida, estamos diante de uma eleição empatada, de difícil prognóstico", prevê Juan Carlos Doyenart, diretor da Interconsult.

Outra pesquisa da mesma consultoria, divulgada na última semana, mostrava que aproximadamente 8% dos eleitores uruguaios ainda não decidiram em quem votar e os indecisos seriam "determinantes" para definir o próximo presidente do Uruguai.

Na sexta-feira, o governo da Argentina aceitou dar folga aos uruguaios residentes no país para facilitar a viagem de volta ao Uruguai para participar das eleições. Há cinco anos, a esquerda ganhou pela primeira vez na história do país e os votos dos uruguaios residentes na Argentina também foram decisivos.

Com Ansa/Site O Vermelho.

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