Parece já um artigo indispensável em quase todos os países islâmicos. Depois de ter chegado às vitrines cintilantes das megastores de Dubai e do Qatar nos últimos dias, nos centros comerciais da Tunísia e do Cairo, na próxima semana ele desembarcará também em Jerusalém. É o Islamic Phone, um celular "touch screen" de última geração dotado de uma série de aplicações destinadas a favorecer "a prática religiosa cotidiana" para todos os fiéis muçulmanos. Certamente, terá uma sólida base religiosa, mas também é sem dúvida que sua venda no mercado, coincidentemente com o início do Ramadã, foi principalmente uma hábil medida comercial.
A reportagem é de Fabio Scuto, publicada no jornal La Repubblica, 24-08-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Islamic Phone é uma reprodução do coreano LG Il "GD335", nome do novo GSM, e é exclusivamente dedicado à clientela muçulmana, um grupo de potenciais clientes que supera o milhão e meio de pessoas desde Casablanca até a Indonésia. O celular oferece principalmente o Corão, com música e imagens do texto que flui na tela seguindo a recitação, permitindo também sua tradução em várias línguas. Os "hadith" (as palavras da tradição do Profeta); o anúncio das horas da oração; o convite à oração (adhan).
Dotado de uma bússola eletrônica, ele indica a direção de Meca (Qibla). Também existe no software uma calculadora para determinar com exatidão a quantidade da Zakat – a esmola, que é um dos cinco pilares do Islã – com base nas próprias entradas anuais.
A ideia do celular dotado de funções de "vocação islâmica", desenvolvida em poucos meses, obteve a aprovação do Conselho Superior Islâmico, que se comprometeu a verificar os diversos textos e a fornecer a permissão e as certificações que são impostas em matéria religiosa, especialmente naquilo que se refere aos versos corânicos.
O novo celular, que, de acordo com o país tem um preço que varia entre 140 e 180 euros, tem todas as funções de um "touch screen" de última geração, da máquina fotográfica às gravações de vídeo, do rádio em FM ao Bluetooth. Os donos de outro modelo em particular da mesma marca, o KP500, podem ainda acessar novas aplicações islâmicas.
O fato de que o mercado islâmico tenha potencialidades de rápida expansão é algo bem notável também para as outras marcas de celulares. A sueca Nokia e a norte-americana Apple se lançaram com propostas de aplicações específicas para o mês do Ramadã, que permitem saber com exatidão a hora das orações. O número um da telefonia móvel mundial já havia oferecido, no ano passado, algumas funções dedicadas ao público islâmico para serem baixadas do próprio site oficial, obtendo um bom sucesso comercial.
Segundo Chris Braam, vice-presidente da Nokia para o Oriente Médio e a África, "no ano passado, mais de dois milhões e meio de muçulmanos baixaram em seu celular as aplicações para o Ramadã, e, com base nos pedidos dos nossos clientes, melhoramos neste ano a oferta de novas aplicações".
A Apple também coloca à disposição funções a serem baixadas – sob pagamento – em seu próprio site oficial, como diversas aplicações para os fiéis muçulmanos que escolheram o iPhone como celular.
Mas certamente ter todas as funções "islâmicas" pré-carregadas coloca a LG na pole position para invadir o mercado muçulmano, já que nem todos no Oriente Médio têm um computador para poder baixar novas aplicações pagas. A ideia de carregar no software aplicações dedicadas ao mundo islâmico não é nova para a LG. No ano passado, a empresa colocou à venda em todos os países islâmicos um modelo de TV ultraplano, a "TV Time-Machine", onde já está inseridas nas aplicações básicas a leitura das 144 suras do Corão, acompanhadas também pelo texto que flui na tela, com a possibilidade de fazer uma playlist com as dez preferidas. Milhões de unidades foram vendidas, um sucesso que os coreanos da LG querem repetir agora com o Islamic Phone.
Fonte:IHU
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