A jornalista Monica Waldvogel protagonizou um dos maiores papelões da grande mídia nos últimos tempos. Para discutir, nesta terça-feira (25), a "crise da Receita", ela reuniu no programa Entre Aspas, da Globonews, um trio de entrevistados que estava simplesmente na contramão do script golpista da emissora. Eram eles o ex-secretário da Receita Federal (no governo FHC), Everardo Maciel, o presidente do SindiReceita, Paulo Antenor, e um advogado tributarista.
Waldvogel iniciou o programa com uma leitura apocalíptica sobre o "aparelhamento da Receita" pelo governo Lula, mostrando Lina Vieira como uma “vítima” de interesses poderosos (Sarney, Petrobras, etc.). Todas as teses da introdução de Waldvogel foram, no entanto, rejeitadas e rebatidas pelos participantes do programa. Segundo eles, o aparelhamento foi feito, na verdade, pela própria Lina Vieira.
Para o jornalista Luis Nassif, o comentário inicial de Waldvogel foi "vergonhoso, antijornalístico e desonesto", “a Globonews perdeu o rumo”, e a apresentadora “desrespeita os telespectadores ao antecipar conclusões falsas”. Ao final do programa, constrangida, a jornalista ainda perguntou: “Mas então houve uma manipulação da opinião pública?”. Os três entrevistados concordam.
Veja abaixo a íntegra do programa.
Leia abaixo o texto de Luis Nassif, publicado em seu blog
O comentário inicial lido por Mônica Waldvogel é vergonhoso, antijornalístico, desonesto, porque desmentido ao longo de todo o programa pelos três entrevistados convidados. A Globonews perdeu o rumo.
Os três convidados são unânimes em afirmar que politização ocorreu na fase de Lina Vieira, não agora. Mônica atropela as conclusões da mesa redonda, desrespeita os telespectadores ao antecipar conclusões falsas. Principalmente sabendo-se que a abertura sempre é feita após o programa, com base nas conclusões levantadas.
Paulo Antenor, presidente do SindiReceita, sindicato dos Analistas-Tributários da Receita Federal, denuncia o aparelhamento da Receita… por Lina. Mostra que o pedido de demissão coletiva dos antigos superintendentes foi apenas uma antecipação para demissões que ocorreriam. O advogado tributarista nega crise na Receita. Disse que está mais preocupado com as taxas de juros dos bancos e temas mais relevantes.
Mônica tenta se socorrer do ex-Secretário da Receita Everardo Maciel, da gestão FHC, pedindo que confirme a politização. Everardo diz que a politização ocorreu com Lina e que agora não há ingerência política, porque é atribuição do Ministro definir o Secretário.
Depois disso tudo, Mônica volta ao papo de que Mantega estaria pressionando para não apertar os grandes contribuintes. Os entrevistados negam. Everardo mostra que esse foco nos grandes contribuintes começou em sua gestão. Mônica diz que houve aumento na arrecadação dos grandes contribuintes na gestão Lina. Everardo desmonta com números.
Mônica vem com a história da opção do regime de caixa pela Petrobras foi manipulação. Everardo é incisivo: a Petrobras está certa. O factóide criado foi para justificar a queda da arrecadação na gestão Lina - embora admita que a queda tem muitos outros fatores deflagradores, entre os quais a crise.
Mônica: se fosse tão clara a possibilidade de mudar o regime no meio do ano, não haveria essa controvérsia.
Everardo: a regra é clara e foi feita em 1999 justamente para enfrentar o problema da desvalorização cambial.
Mônica: mas até agora a Receita está para soltar um parecer.
Everardo e os demais: já foi feito, concordando com a Petrobras. Essa prática existe há muito tempo, não existe qualquer ilegalidade ou manobra contábil.
Mônica, balbuciando: a lei foi feita. Houve então uma manipulação da opinião pública?
Todos concordam com a cabeça.
Aí ela deriva a entrevista para o caso Sarney, perguntando se é legítimo pressionar a Receita para abrandar a fiscalização.
O presidente do Sindicato disse que é impossível essa pressão, que nunca essa informação correu na Receita. Disse que sempre trabalhou próximo à chefia da Receita, tanto no governo FHC e Lula, e nunca viu esse procedimento. O chefe da Receita conversa com políticos todos os dias. Mas esse tipo de ingerência é novidade para a gente.
Everardo disse que se ocorreu, o momento certo seria na época em que foi feita. Se não fez, cometeu prevaricação.
Conclusão final dos três entrevistados: Lina foi um desastre para a imagem da Receita e caberá a todos os funcionários trabalharem para o resgate de sua imagem.
Assista o programa e depois volte à abertura.
PS - O programa é ao vivo. Então na abertura Mônica definiu conclusões que não foram avalizadas, posteriormente, pelos entrevistados.
Da Redação, com informações da Carta Maior/Site O Vermelho.
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