Por Luiz Eduardo Brandão.
Bom artigo hoje da correspondente do Estadão nos EUA, Patrícia Campos Mello, sobre a sinuca de bico em que o Obama parece ter se metido na questão da reforma da saúde. Obama está, por ora, perdendo por pontos a peleja. Mais precisamente 15 pontos nas últimas semanas, que foi quanto ele caiu dos 60% de confiança aos 100 dias de governo para os 45%, hoje. A queda é resultado de uma eficiente campanha de desinformação movida pelos republicanos, com o apoio de parte da mídia. A tal desinformação, como mostra a Patrícia, usa e abusa das mentiras mais deslavadas. Os neocons inventaram até que o Obama está querendo criar um “comitê da morte”, que decidiria, de olho no caixa do tal Medicare, se os velhinhos continuariam sendo tratados de doenças caras para o Tesouro, ou se iam para a cova, caso não tivessem recurosos para bancar o tratamento. E por aí vai. A campanha fez efeito. A matéria está aqui:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090823/not_imp423182,0.php
O caso faz pensar no que vem ocorrendo por aqui no terreno político. Os neocons de cá — políticos e mídia — também estão metidos de corpo e alma numa campanha de desinformação ignóbil. Fabricam um escândalo atrás do outro, como seus irmãos do Norte fabricam informações falsas sobre a reforma da saúde.
Lá e cá, dois presidentes conciliadores que tentam se equilibrar fazendo concessões muitas vezes excessivas. Um governo, lá e cá, que denota uma incompetência notável no terreno da informação, levando um baile da oposição, que sem o menor escrúpulo cria factóides fáceis de desmontar. Fáceis, menos para o pessoal de comunicação dos 2 governos, ao que parece.
Lá e cá, além do poder, montanhas de dinheiro em jogo e a definição do futuro cenário para o país.
Lá, a reforma do sistema de saúde, que atingiria a ideologia e os interesses dos neocons a eles ligados, é só a ponta de um iceberg muito mais profundo: a teia de interesses políticos e empresariais montada pelos republicanos nesses seus anos todos de império, e que Obama, pelo que se esperava, iria desfazer.
Cá, por trás da cortina dos escândalos, a luta surda de interesse por duas questões cruciais para nosso país: o controle do pré-sal, um dos maiores negócios deste começo de século (começo, no mínimo); o controle da política econômica, ou a manutenção deste nas mãos dos rentistas, dos financistas. As duas coisas estão ligadas, porque o interesse dos demotucanos é manter esse controle macroeconômico nas mãos dos financistas, isto é, do seu grupo, e pôr nas mãos deles também a maior parcela possível do ganho com o pré-sal.
O Lula tem se mantido à tona graças ao seu prestígio junto à população. Mas se contar só com ele, sem pôr em ação uma política de comunicação competente, corre o risco de se obamizar…
Fonte:Luis Nassif online
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