Quebra do Lehman Brothers marca início da crise do capitalismo mundial.
Por Redação, com agências internacionais - de Nova York, EUA
Há um ano o mundo entrava no auge da crise
Há exatos 365 dias, o banco de investimentos Lehman Brothers, considerado na época o quarto maior dos Estados Unidos no setor, anunciava o seu pedido de concordata. Falhava assim a tentativa das autoridades norte-americanas de evitar a contaminação do mercado financeiro e explodiu a crise do capitalismo mundial, iniciada no sistema hipotecário do país.
Um dia antes, um domingo, autoridades financeiras e de grandes instituições tentaram uma saída, sem sucesso, para socorrer o banco, fundado há 159 anos. A decisão pela concordata e o anúncio de um prejuízo de US$ 3,9 bilhões provocou instabilidade nas bolsas de valores do mundo todo, levando pânico aos operadores do mercado financeiro.
Dias antes, o Bank of America, numa operação de US$ 50 bilhões, tinha adquirido a Merryl Linch e acreditava-se que um operação parecida poderia salvar o Lemon, mas isso não ocorreu, pois o Barcley da Inglaterra deu para trás. No dia 15 de setembro, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) apresentou desvalorização de 7,59%, a maior queda desde os ataques de 11 de setembro de 2001, quando a baixa foi superior a 9%.
Em todo o mundo os bancos centrais começaram a adotar medidas para socorrer suas economias e o Brasil, que passava ao largo da crise, entrava em estado de alerta. Nessa semana anterior, se reuniu no Brasil o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para definir a taxa básica de juros. O cenário externo fez com que o comitê elevasse a taxa básica de juros, a Selic, de 13% para 13,75%, mesmo nível de outubro de 2006. Na ocasião, a direção do BC avisou em sua ata da reunião divulgada uma semana depois que a “ percepção de risco sistêmico permanecia elevado” por conta da “severa” crise financeira internacional.
O risco sistêmico ocorre quando há temor de que uma instituição financeira não tenha recursos suficientes para pagar a outra, causando um “efeito dominó”, ou seja, levando ao colapso toda a estrutura de bancos e financeiras. O comitê considerava que a intervenção do governo dos Estados Unidos em grandes empresas de financiamento imobiliário poderia “ ser vista como condição necessária, mas provavelmente não suficiente, para a superação da crise”.
A ata da reunião registrava que o crescimento das economias emergentes continuava forte e até aquele momento aparentemente havia sido afetado de forma limitada pela crise hipotecária nos EUA, “constituindo contraponto aos efeitos da desaceleração das economias maduras”. Por outro lado, especialistas ouvidos pela Agência Brasil afirmavam que a crise nos Estados Unidos estavam longe do fim.
O custo do crédito começava a aumentar no Brasil, por causa da dificuldade de captação externa por conta da crise. Os bancos, que anteriormente captavam recursos no exterior a custo mais baixo, com o agravamento da crise nos Estados Unidos começavam a recorrer aos recursos no mercado interno.
Com isso, o BC adotou medidas para tentar aumentar a liquidez (recursos disponíveis na economia), como redução de depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC) no total de R$ 99,8 bilhões durante a crise, estímulos para que bancos grandes comprassem carteiras de médios e pequenos, uso das reservas internacionais para em linhas de crédito, autorização para que bancos oficiais comprassem ações de instituições financeiras privadas sem licitações, venda de dólares das reservas internacionais, entre outras ações.
Desde o dia 8 de maio, o BC voltou a comprar dólares. De acordo com o banco, até o dia 8 de setembro, dos US$ 39 bilhões de dólares vendidos no mercado à vista ou emprestados às empresas, US$ 32,6 bilhões voltaram às reservas.
Quanto ao volume de crédito do sistema financeiro, segundo o BC, a situação está melhor do que a pré-crise, mas as pequenas e médias empresas ainda precisam de aumento da oferta.
No último domingo, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que o Brasil está preparado para retomar o crescimento.
– Antes, os investimentos eram baixos e quando o país ia sair de uma crise não estava preparado. Aí vinha a inflação e todos aqueles problemas – afirmou.
Para o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, o saneamento do sistema financeiro, o acúmulo de reservas em moedas estrangeiras, o ajuste fiscal realizado nos últimos anos e outras características tornaram a economia brasileira menos exposta à crise financeira internacional, e “isso ajudou o Brasil a enfrentar a crise com mais facilidade do que outros países”.
Fonte:Jornal Correio do Brasil
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