Lá como aqui, a direita raivosa também tem seus Arthur Virgílio e cia.Lá como aqui, a direita raivosa também tem seus jornais amigos.Lá como aqui,um presidente é atacado por priorizar uma parcela pobre da população americana.Lá como aqui,o ódio impressionante de uma parcela da mídia em relação ao presidente Obama.
Carlos Dória
Eliakim Araujo, no Blog Direto da Redação.
Não ha dúvida. O Presidente Obama está enfrentando uma dura campanha dos setores mais conservadores da sociedade norte-americana que o acusam de querer implantar o socialismo nos EUA. Tudo porque seu projeto de reforma do sistema de saúde prevê a entrada do poder público na delicada área do atendimento médico, hoje nas mãos de poderosos grupos empresariais.
O projeto do presidente prevê a criação de um seguro público, patrocinado pelo Estado, que atenderá aos 46 milhões de americanos que não têm como pagar por um seguro privado e não dispõem de nenhum tipo de cobertura médica. Ao mesmo tempo, ofereceria aos empregadores um seguro saúde muito mais barato que os seguros privados.
Isso mexe com gente rica e poderosa. Gente que tem poder de conquistar formadores de opinião e políticos. A partir daí, a campanha contra o projeto cresceu e ganhou as ruas. Nos debates sobre o plano o que mais se vê são aposentados inocentes, mal informados, servindo de bucha de canhão para os espertalhões que querem derrubar o projeto presidencial. As manifestações deixaram a reforma em segundo plano e viraram ataques pessoais ao presidente. Faixas e cartazes em tom agressivo, caracterizam Obama ora como Hitler, ora como comunista (?).
Essa situação chegou ao extremo na quarta-feira, quando Obama compareceu ao Capitólio para uma sessão conjunta das duas casas legislativas para explicar detalhadamente seu projeto de reforma.
A presença do presidente nessas ocasiões obedece a certas formalidades que, embora não escritas, fazem parte da tradição democrática do país. Atrás dele, mostrados pelas câmeras todo tempo, se sentam o vice-presidente, de um lado, e o presidente da Câmara dos Deputados, do outro. Não são permitidos apartes ao discurso presidencial e a discordância da oposição deve se limitar a permancer sentada e não aplaudir.
Na quarta-feira, entretanto, um deputado republicano, Joe Wilson, em seu quinto mandato, agrediu o presidente ao gritar “você mente”. Obama parou por um instante, olhou fixo para o lado onde estavam os republicanos e seguiu seu discurso aplaudido pelos democratas. Na mesma noite, Wilson recebeu um telefonema de assessores da Casa Branca e em seguida distribuiu uma nota em que pedia desculpas ao presidente por seu comportamento “inadequado e impensado”.
No dia seguinte, pouco se falou do conteúdo do discurso do Obama que, diga-se de passagem, cresceu nas pesquisas depois da fala no Congresso. O que repercutiu efetivamente foi o ato desrespeitoso de Joe Wilson, condenado pelos mais representativos membros do Partido Republicano, como John McCain.
Mas a direita raivosa pegou carona no gesto tresloucado de Joe Wilson e o transformou de desconhecido deputado da Carolina do Sul em estrela e símbolo da luta contra Obama.
O presidente aceitou o desafio e a partir do sábado iniciou algo como uma nova campanha eleitoral. Vai percorrer o país em busca de apoio para seu projeto de reforma da saúde e, ao mesmo tempo, levantar o ânimo de seus eleitores que andam assustados com as demonstrações de ódio dos adversários republicanos.
De qualquer maneira, é uma parada indigesta para Obama. Ele sabe que esse projeto é uma cartada decisiva para seu desempenho no governo. O fato de ser negro é um complicador, pois a extrema direita branca e conservadora jamais se conformou com sua presença na Casa Branca e vai usar todas as armas a seu alcance para vê-lo na rua da amargura.
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