Mário Augusto Jakobskind
em:13/09/2009
VERDADES ESCONDIDAS
O governo da República Bolivariana da Venezuela continua a ocupar as páginas dos jornais e noticiários das televisões para ser apresentado como desrespeitador da liberdade de imprensa e outras anomalias. As críticas se intensificaram, sobretudo depois que o Presidente Hugo Chávez apareceu no Festival de Veneza junto com o cineasta estadunidense Oliver Stone, que estava lançando um documentário sobre as transformações em desenvolvimento na Venezuela. Stone, por sinal, não foi poupado de críticas, a maior delas por conta de Arnaldo Jabor, um dos colunistas de sempre, que demonstrou claramente ter inveja do consagrado cineasta.
Jabor chegou a afirmar que o Brasil estava se rearmando para prevenir-se de uma possível invasão por parte da Venezuela, detentora de armas russas. Preferiu assacar a mentira do que informar uma verdade que desagrada aos seus patrões: o Brasil está reequipando as Forças Armadas que foram sucateadas no governo de Fernando Henrique Cardoso. Com isso, na prática o governo brasileiro se contrapõe ao Consenso de Washington, que determina o debilitamento do setor militar.
Ao deixar à mingua as Forças Armadas, Cardoso preparava caminho para torná-las uma força policial. Agora, para desagrado de Jabor e de outros da mesma linha, o atual governo brasileiro anunciou o acordo militar com a França, o que chegou a provocar até uma nota oficial da embaixada dos Estados Unidos para dizer que a empresa norte-americana fabricante de caças oferecia na concorrência também a transferência de tecnologia. Isso tem um nome: intromissão em assuntos internos de um país soberano, que tem o direito de fazer uma opção política ao decidir a compra de armamentos. No caso, a opção foi feita por um acordo com a França e não com os Estados Unidos.
Jabor e seus patrões não se conformam com os rumos da revolução bolivariana fazendo constantemente críticas de interesse do Departamento de Estado norte-americano. Na base do jornalismo da desintegração, o gênero que procura indispor um país contra o outro para evitar a unidade latino-americana. Sempre foi isso. Nos anos 50, por exemplo, chegaram até a falsificar uma carta (Carta Brandy) que mentia sobre um suposto acordo secreto do então Ministro João Goulart com o presidente Juan Domingo Perón para transformar o Brasil numa república sindicalista.
O governo venezuelano vem sendo acusado também de sufocar a liberdade de imprensa e agora o argumento utilizado é o da não renovação de 34 canais de emissoras de rádio que se encontravam funcionando de forma totalmente irregular. Algumas estações tinham como concessionários do canal pessoas já falecidas e a licença estava sendo utilizada por uma terceira pessoa que não recebeu autorização para seguir a emissão das ondas radiofônicas.
Os críticos da medida esquecem de dizer que o canal pertence ao Estado e não é propriedade particular podendo não ser renovado desde que deixe de cumprir a legislação. A lei venezuelana e no resto do mundo é clara: os meios eletrônicos que não renovem sua concessão em prazo legal ou emitam sem autorização perderão o canal de freqüência, que voltará ao âmbito público, ou seja, ao Estado. Aqui mesmo no Brasil, se fosse mesmo cumprida a lei, muitos canais de rádio e mesmo de televisão não seriam renovados por funcionarem irregularmente.
De quebra, a abertura de uma sindicância sobre a Globovision também é apresentada como atentatório à liberdade de imprensa. O Estado venezuelano está investigando o que aconteceu no programa “Buenas Noches”, que foi ao ar no dia 3 de setembro. Na ocasião, segundo denuncia formulada pelo Ministro de Obras Públicas, Diosdado Cabello ao Ministério Público, o programa da Globosivision divulgava mensagens pregando abertamente a derrubada do Presidente. Uma das mensagens lembrava que seria interessante aproveitar a ocasião de Chávez estar então no exterior para não permitir o seu retorno. A Globovision apoiou o golpe que derrubou o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, sob a alegação de que os usurpadores do poder assumiram legalmente.
Pois bem, investigar isso significa atentar contra a liberdade de imprensa? Pregar abertamente a derrubada de um presidente por métodos violentos faz parte da liberdade de imprensa? Para Jabor, a liberdade de imprensa contempla esse tipo de expediente, sobretudo em países com governos que procuram preservar a sua soberania e ainda por cima avançar nas transformações sociais.
Não será de se estranhar se Jabor decidir participar do grupo criado no Facebook que prega para 5 de junho de 2010 um golpe de estado na República Bolivariana da Venezuela. Os golpistas antecipados somam 1442 admiradores e se apresentam como “Libertação Nacional Venzuelana”. Se for feita uma investigação não será nenhuma surpresa se ficar confirmado o dedo do Departamento de Estado norte-americano e de elementos que já tentaram derrubar Chávez em abril de 2002.
Esse é o jogo que a mídia hegemônica está jogando, misturando alhos com bugalhos. Sai debaixo quem não compactuar com esse esquema, haja vista agora Cristina Kirchner, que enviou ao Congresso projeto de lei de Comunicação Audiovisual tentando acabar de uma vez por todas com o monopólio na radiodifusão e sepultar também uma legislação do setor promulgada ainda na ditadura.
Fonte:Direto da Redação.
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