Copiado do "Blog Tijolaço", do Brizola Neto.
Os dólares entram e o BC tem que comprar cada vez mais para que a moeda não fique mais supervalorizada do que já está. E o pior é que não adianta. O lucro no Brasil ainda é bom demais.
Os dólares entram e o BC tem que comprar cada vez mais para que a moeda não fique mais supervalorizada do que já está. E o pior é que não adianta. O lucro no Brasil ainda é bom demais.
Os economistas e os jornalistas econômicos brasileiros são muito bem preparados e conhecem muito mais do que eu de ciência econômica. Por isso, quando eles não virem o óbvio, pode ter certeza de que algo há. Ontem, registrei aqui que os sites faziam “terrorismo econômico” com o resultado da entrada de dólares em outubro. Disse que o G1, por exemplo, chegava “a ser “talibã”: “País deixa de receber 3 em cada 4 dólares após novo imposto”.
Ora, uma simples operação aritmética bastava para ver que, com imposto e tudo, a entrada de dólares continuava a ser fortíssima. Imagine o que é um saldo cambial de 300 milhões de dólares por dia!
Mas não se podia perder a oportunidade de semear mais um momento de “o mundo vai acabar” na mídia. No mercado, eles se lixam para este tipo de informação. Aí não é política, é dinheiro.
Já estava claro, ontem, o que era previsto. A medida criada pelo Governo não ia resolver o problema de afluxo excessivo de dólares. O balanço cambial de outubro só tornou isso evidente, embora parte da mídia brasileira não quisesse ver.
Hoje, a Folha de S. Paulo publica que o Governo, por isso, estuda um conjunto de medidas para que investidores estrangeiros não precisem trazer dólares para aplicações no país. Isso abrangeria desde a emissão de títulos da dívida pública em reais no exterior à abertura de contas-garantia fora do brasil para aplicação em bolsa, aqui.
O problema do Governo Lula em matéria de política econômica é que, mesmo já tendo se mostrado charlatães, os santos do altar neoliberal ainda continuam a receber certas reverências. E as boas e velhas políticas de proteção da moeda nacional, como a taxação na saída do capital, ficam como “tabus”, que não podem ser adotadas, “porque os investidores vão fugir”.
Vão, nada. Enquanto estiverem lucrando muito aqui - e é por isso que entram - os capitais entram, porque sabem que podem sair no minuto em que aqui já não estiver dando tanto lucro e aparecer um lugar melhor aplicações que não os imobilizam. Colocar 10 milhões de dólares na bolsa é uma decisão mais fácil que aplicar um milhão em uma fábrica.
A “cegueira” de boa parte da nossa mídia vem de um fato.As nossas elites, que vivem lambendo os respingos da roda da fortuna que virou o mercado financeiro, é que cultuam aqueles santos do pau-ôco, que como os do século 17, servem para drenar as riquezas nacionais. O capital estrangeiro é, para elas, o “sinhô”, e o “sinhô” não tem que pedir licença para entrar, fazer o que quiser e sair da senzala. Por isso, ridicularizavam quando Brizola falava em “perdas internacionais” de nossa economia.
Bom, criaram um tímido pedido de “me dá licença?” para o capital entrar. Não resolveu e não resolverá. Conta, se paga é na saída.
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