segunda-feira, 2 de novembro de 2009

EUA - Os EUA como Estado fracassado.

Os super-ricos riem ao dizer "Que comam bolos"

por Paul Craig Roberts (*)

Os EUA têm todas as características de um Estado fracassado.
O presente orçamento operativo do governo dos EUA está dependente de financiamento estrangeiro e de criação monetária.
Como país demasiado fraco politicamente para defender os seus interesses através da diplomacia, os EUA têm de confiar no terrorismo e na agressão militar. Os custos estão fora de controle e as prioridades são distorcidas no interesse de ricos grupos de interesse organizados a expensas da vasta maioria dos cidadãos. Por exemplo, a guerra a todo custo, que enriquece a indústria de armamento, os corpos de oficiais e as firmas financeiras que manuseiam o financiamento da guerra, ganha precedência sobre as necessidades dos cidadãos americanos. Não há dinheiro para fornecer cuidados de saúde aos não segurados, mas oficiais do Pentágono disseram no Defense Appropriations Subcommittee na Câmara dos Deputados que todo galão [3,785 litros] de gasolina entregue às tropas dos EUA no Afeganistão custa aos contribuintes americanos US$400.
"É um número de que não estávamos conscientes e que é preocupante", disse o republicano John Murtha, presidente do subcomitê.
Segundo relatórios, os US Marines no Afeganistão gastam 800 mil galões de gasolina por dia. A US$400 por galão, isso dá uma conta de combustível diária de US$320 milhões só para os Fuzileiros Navais. Só um país totalmente descontrolado dissiparia recursos deste modo.
Enquanto o governo dos EUA desperdiça US$400 por galão de gasolina a fim de matar mulheres e crianças no Afeganistão, muitos milhões de americanos perderam os seus empregos e as suas casas e estão a experimentar a espécie de miséria que é a vida diária dos povos pobres do terceiro mundo. Americanos estão a viver nos seus carros e em parques públicos. As cidades e estados da América estão a sofrer os custos das deslocações econômicas e da redução de rendimentos fiscais devidos ao declínio da economia. Contudo, Obama enviou mais tropas para o Afeganistão, um país do outro lado do mundo que não é uma ameaça para a América.
Custa US$750 mil por ano cada soldado que temos no Afeganistão. Aos soldados, que estão em risco de vida e de pernas, é pago uma ninharia. Mas os serviços privatizados para os militares estão a nadar em lucros. Uma das maiores fraudes perpetradas contra o povo americano foi a privatização de serviços que os militares americanos tradicionalmente efetuavam por si próprios. Os "nossos" líderes eleitos não podiam resistir a qualquer oportunidade para criar riqueza privada a expensas dos contribuintes, riqueza que podia ser reciclada para políticos em contribuições de campanhas eleitorais.
Republicanos e democratas a receberem de companhias de seguro privadas sustentam que os EUA não podem permitir-se proporcionar aos americanos cuidados de saúde e que devem ser feitos cortes mesmo na Segurança Social e no Medicare. Assim, como podem os EUA permitirem-se guerras ruinosas, e muito menos guerra totalmente inúteis que não servem qualquer interesse americano?
A enorme escala de empréstimos estrangeiros e de criação de moeda necessários para financiar as guerras de Washington estão remetendo o dólar para baixas históricas. O declínio do valor do dólar reduz o poder de compra dos americanos, já com rendimentos em declínio.
Apesar do mais baixo nível de construções de casas em 64 anos, o mercado habitacional dos EUA está inundados com casas não vendidas e as instituições financeiras têm um enorme e crescente estoque de casas retomadas que ainda não estão no mercado.
A produção industrial entrou num colapso que a levou ao nível de 1999, liquidando uma década de crescimento da produção industrial.
As enormes reservas dos bancos criadas pelo Federal Reserve não descobriram o seu caminho para dentro da economia. Ao invés disso, os bancos estão a entesourar as reservas como seguro contra os derivativos fraudulentos que eles compraram dos gangsteres dos bancos de investimento da Wall Street.
As agências regulatórias foram corrompidas pelos interesses privados. A Frontline informa que Alan Greenspan, Robert Rubin e Larry Summers obstruíram Brooksley Born, o responsável da Commodity Futures Trading Commission de regulamentar derivativos. O presidente Obama premiou Larry Summers por sua idiotice nomeando-o diretor do National Economic Council. O que isto significa é que lucros para a Wall Street continuarão a ser transferidos do decrescente abastecimento de sangue da economia americana.
Um inequívoco sinal de despotismo terceiro-mundista é uma força policial que encara o público como o inimigo. Graças ao governo federal, nossas forças policiais locais agora estão militarizadas e imbuídas de atitudes hostis para com o publico. Equipes de choque (SWAT teams) proliferaram e mesmo pequenas cidades têm agora forças policiais com o poder de fogo das US Special Forces. Intimações são cada vez mais entregues por equipes de choque que tiranizam cidadãos arrebentando portas, uma reparação de US$400 ou 500 para o tiranizado morador. Recentemente um presidente de municipalidade e a sua família foram as vítimas da incompetência da equipe de choque da cidade, a qual por erro devastou a casa do presidente, aterrorizou a sua família e matou os dois amistosos cães Labrador da família.
Se um presidente de municipalidade pode ser tratado deste modo, como será o destino dos pobres, brancos ou negros? Ou do estudante idealista que protesta contra a desumanidade do seu governo?
Em qualquer Estado fracassado, a maior ameaça à população vem do governo e da polícia. Esta é certamente a situação hoje nos EUA. Os americanos não têm maior inimigo do que o seu próprio governo. Washington é controlado por grupos de interesses que se enriquecem a expensas do povo americano.
Os um por cento que incluem os super-ricos estão a rir quando dizem: "que comam bolos".
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(*) Ex-secretário assistente do Tesouro na administração Reagan, co-autor de The Tyranny of Good Intentions .
Email: PaulCraigRoberts@yahoo.com
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O original encontra-se em Counter Punch
Este artigo encontra-se em Resistir

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