POLÍTICA - Porque admiro Leonardo Boff.
LEONARDO BOFF: '...Por isso, as demonstrações devem continuar na rua contra as tramóias da direita....'
PORQUE ADMIRO LEONARDO BOFF
Este é parte de um artigo deste pensador...
"É
sabido que com a vitória do capitalismo sobre o socialismo estatal do
Leste europeu em 1989, o Presidente Reagan e a primeira ministra
Tatscher inauguraram uma campanha mundial de desmoralização do Estado,
tido como ineficiente e da política como empecilho aos negócios das
grandes corporações globalizadas e à lógica da acumulação capitalista. Com
isso visava-se a chegar ao Estado mínimo, debilitar a sociedade civil e
abrir amplo espaço às privatizações e ao domínio do mercado, até
conseguir a passagem de uma sociedade com mercado para uma sociedade de
puro mercado no qual tudo, mas tudo mesmo, da religião ao sexo, vira
mercadoria. E conseguiram. O Brasil sob a hegemonia do PSDB se alinhou
ao que se achava o marco mais
moderno e eficaz da política mundial. Protagonizou vasta privatização
de bens públicos que foram maléficos ao interesse geral.
Que isso foi
uma desgraça mundial se comprova pelo fosso abissal que se estabeleceu
entre os poucos que dominam os capitais e as finanças e a grandes
maiorias da humanidade. Sacrifica-se um povo inteiro como a Grécia, sem qualquer consideração, no altar do mercado e da voracidade dos bancos. O mesmo poderá acontecer com Portugal, com a Espanha e com a Itália.
A
crise econômico-financeira de 2008 instaurada no coração dos países
centrais que inventaram esta perversidade social, foi consequência deste
tipo de opção política. Foram os Estados que tanto combateram que os
salvaram da completa falência, produzida por suas medidas montadas sobre
a mentira e a ganância (greed is good), como não se cansa de acusar o
prêmio Nobel de economia Paul Krugman. Para ele, estes corifeus das
finanças especulativas deveriam estar todos na cadeia como criminosos.
Mas continuam aí faceiros e rindo.
Então,
se devemos criticar a nossa classe política por ser corrupta e o Estado
por ser ainda, em grande parte, refém da macro-economia neoliberal,
devemos fazê-lo com critério e senso de medida. Caso contrário, levamos
água ao moinho da direita. Esta se aproveita desta crítica, não para
melhorar a sociedade em benefício do povo que grita na rua, mas para
resgatar seu antigo poder político especialmente, aquele ligado ao poder
de Estado a partir do qual garantia seu enriquecimento fácil.
Especialmente a mídia privada e familiar, cujos nomes não precisam ser
citados, está empenhada fevorosamente neste empreitada de volta ao velho
status quo.
Por isso, as demonstrações devem continuar na
rua contra as tramóias da direita. Precisam estar atentas a esta
infiltração que visa a mudar o rumo das manifestações. Elas invocam a
segurança pública e a ordem a ser estabelecida. Quem sabe, até sonham
com a volta do braço armado para limpar as ruas." (LEONARDO BOFF)
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