Cinco argumentos de Levy em Londres para 'vender' o Brasil a investidores
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi a principal atração, nesta
quarta-feira, de um evento inédito na Bolsa de Valores londrina, o
Brazil Capital Markets Day.
O ministro fez uma palestra de 20
minutos, em que apresentou argumentos para incentivar investimentos no
país - uma tarefa que não deixa de ter seus desafios, tendo em vista os
prognósticos pouco animadores da economia local neste ano.Ainda mais tendo em vista que o principal jornal de finanças da Grã-Bretanha, o Financial Times, publicou, neste mesmo dia, um caderno especial sobre o Brasil destacando problemas como a corrupção e a fragilidade da economia.
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Nesse cenário, quais foram os argumentos apresentados pelo ministro para "vender" o Brasil aos investidores estrangeiros? Veja abaixo:
1) A desaceleração da economia é temporária
O ministro disse estar confiante de que, no ano que vem, os resultados do ajuste fiscal já serão vistos. "Esperamos que a atual desaceleração do ritmo da economia seja temporária", afirmou.Segundo ele, essa desaceleração se deve em parte à incerteza dos últimos resultados econômicos, mas o nível de confiança já começa a se estabilizar.
Ele afirmou que, com a nova política, espera uma mudança de sentimento econômico.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê uma contração de 1% na economia brasileira em 2015 - mas acredita que o país possa retomar o crescimento em 2016.
2) O Brasil está fazendo a 'lição de casa'
Levy explicou aos investidores estrangeiros as principais medidas do ajuste econômico."A disciplina fiscal é o pilar central da política econômica", afirmou.
Segundo o ministro, esta disciplina é essencial para proteger a economia dos efeitos inflacionários da depreciação do real - ele cobrou que o Banco Central continuasse "vigilante" sobre o processo.
Levy disse ainda que o governo não está criando novas taxas, mas cortando algumas desonerações e incentivos que existiam.
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Apesar do otimismo de Levy, o ajuste econômico está sofrendo mutações ao passar pelo Congresso - alterações feitas pelo congressistas já reduziram os cortes que o governo pretendia alcançar com as medidas.
3) A nova classe média trouxe oportunidades
Levy destacou que, nos últimos anos, 30 milhões de pessoas saíram da pobreza no Brasil, por meio de programas como o Bolsa Família.Ele destacou a formação de uma nova classe média. "Inclusão social para a classe média significa mais oportunidades", afirmou.
O ministro disse também que a inclusão social facilitou o acesso à educação, o que pode influenciar na produtividade - economistas afirmam que um profissional com mais educação produz mais.
Segundo Levy, o aumento da produtividade pode fazer os salários do Brasil crescerem, já que profissionais mais qualificados costumam ganhar mais.
Inclusão social para a classe média significa mais oportunidades
Além disso, no ano passado, foi divulgado um aumento no número de brasileiros vivendo em extrema pobreza pela primeira vez em dez anos.
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4) O setor de infraestrutura vai demandar investimento privado
O ministro tentou vender aos investidores as oportunidades do setor de infraestrutura.Ele disse que a área precisa do apoio do setor privado e que o mercado de capitais pode ter um papel fundamental na iniciativa.
Levy destacou que o Brasil tem um histórico de concessões - disse que energia, telecomunicações, rodovias e aeroportos são geridos pelo setor privado.
O governo anunciaria este mês um pacote de concessões de infraestrutura, mas decidiu adiar o anúncio até que as outras medidas do ajuste passassem pelo Congresso.
5) O país está criando mais segurança para negócios e reduzindo a burocracia
Em sua palestra, Levy afirmou que o governo está preparando o ambiente para investimentos."Reduzir riscos agregados é essencial para motivar pessoas a tomarem riscos idiossincráticos. Isso significa investimentos, você coloca sua pele no jogo", afirmou.
Ele voltou a destacar a importância da reforma tributária nos Estados e citou a necessidade de reformas no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias).
"Simplificar todo o processo é importante para aumentar os negócios no Brasil", afirmou. "Temos que fazer ajustes para aumentar a segurança dos negócios."
O governo federal, no entanto, está tendo dificuldade de fechar uma proposta de reforma com os governadores - o imposto é uma importante fonte de arrecadação dos Estados.
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