sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

E A GRANDE IMPRENSA, SIFU?

A avaliação positiva do presidente voltou a bater novo recorde, com 70% de aprovação. Vamos esperar para ver as teses estapafúrdias, usadas pelos "cientistas políticos" em plantão permanente, para explicar esse índice.

Gilson Caroni Filho

A pesquisa Datafolha, publicada hoje, cinco de novembro, foi um balde de água fria em uma festinha que prometia agitar os melhores salões do Rio e São Paulo. Mostrando que a avaliação positiva do presidente voltou a bater novo recorde, com 70% da população considerando seu governo ótimo ou bom, melhor índice obtido por um governante desde a redemocratização, arrefeceu a ofensiva que viria da fala presidencial para produtores culturais e artistas, em cerimônia destinada a tratar do Fundo Setorial do Audiovisual.

Usando uma analogia para explicar sua postura diante da crise econômica, Lula, de improviso, disse: "Se um de vocês fossem médicos e atendesse a um paciente doente, o que vocês falariam para ele? Olha, companheiro, o senhor tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência avançou, nós vamos dar tal remédio e você vai se recuperar. Ou vocês diriam: meu, sifu . Vocês falariam isso para um paciente de vocês? Vocês não falariam".

O Jornal Nacional deu destaque com os expedientes de sempre. Na chamada, William Bonner, o apresentador que representa o que lê, franziu a sobrancelha e anunciou com entonação grave que o presidente teria empregado uma expressão “extravagante”.

O jornal O Globo, na dobra superior da primeira página, não deixa por menos e dá como manchete: "Planalto censura fala chula de Lula". Em matéria assinada por Maiá Menezes, lemos que "a palavra de baixo calão usada pelo presidente acabou sendo suprimida no site da presidência.” É interessante ver um veículo que publica artigos de Arnaldo Jabor se chocar com a corruptela empregada pelo presidente.

Haverá quem diga, até com certa propriedade, que o termo usado de improviso não é compatível com o cargo que ele ocupa. Não deve constar em discursos públicos de uma autoridade publica, principalmente de um presidente. Mas o arrazoado tem um viés por demais conhecido. Se olharmos atentamente para o padrão classista da grande imprensa, a fenomenologia da chegada de Lula à presidência já é apresentada como uma incompatibilidade imperdoável. O terno que substituiu o torno é a conciliação de uma antinomia por demais sedimentada para ser aceita pelas velhas elites.

Como é que aquele metalúrgico chegou ali? Como, tendo chegado, não só cumpriu o mandato como se reelegeu para outro? Por que é tão bem avaliado internacionalmente?

Mas há na pesquisa, realizada entre os dias 25 e 28 de novembro, mais dados que incomodam o jornalismo dos oligarcas. Segundo a Folha de São Paulo, “agora Lula teve reforçado o apoio sobretudo entre os mais jovens (mais nove pontos), os mais escolarizados (mais nove) e no Sudeste (também mais nove pontos).” Ou seja, os supostos leitores, aqueles a quem são dedicados editoriais e colunas se deixaram hipnotizar pela esfinge. Para quem escreveram então?

Vamos esperar para ver as teses estapafúrdias, usadas pelos “cientistas políticos,” em plantão permanente, para explicar os índices de aprovação do presidente Lula. Reconhecer que em algumas áreas este governo acertou e que o Brasil está melhor, está descartado de antemão. É preciso esconjurar o demônio barbudo.

O momento parece indicar que o melhor é manter as táticas do passado. As mesmas que levaram um presidente ao suicídio e, depois, o país a décadas de ditadura militar. A estratégia udenista da oposição cheira a guardado, a fundo de armário, a século XX. Não perceberam, embora se auto-intitulem bem-informados, que os anos 90 foram o canto do cisne da sociedade de privilégios. E, ao se descolarem de uma realidade que lhes é incômoda, o diagnóstico está na corruptela presidencial: Sifu. É o que parece dizer a pesquisa Datafolha.

Um comentário:

Anônimo disse...

E A GRANDE IMPRENSA, SIFÚ?
Lula só não tem apoio de 7% dos brasileiros. Fico aqui imaginando, imaginando enquanto sorrio, vamos lá, me deliciando em imaginar, o que está pensando um jornalista desses que acha que pode servir para influenciar o grande público. Daqueles que acham que a mídia tem muito poder, tanto que alguns a intitulam de “o quarto poder”, talvez um daqueles jornalistas que se acham do lado esclarecido da população, que é esperto e pode ficar do lado dos enganadores. O que será que ele está pensando agora? Vejo-o lá, em frente ao seu computador, em casa, fumando seu cigarro fabricado por aquela empresa cuja mensagem institucional é “Pelo respeito ao direito à escolha do cidadão”, sem forças para compor o texto fatídico que sua profissão o força a fabricar. Pensa assim: “Nem toda a mídia, com toda a sua força, diariamente, a todo o momento, falando mal do homem e mesmo assim o desgraçado está lá em cima?!!” E continua: “Tá tudo errado. Tô na profissão errada, trabalhando para quem escolheu o lado errado e, quem sabe, neste momento em que o barco da grande imprensa faz água, eu seja o jornalista errado. Sim, porque marcado como reacionário, eu não posso fazer parte de uma mudança de postura do meu jornal”. Que pensarão os diretores da Folha de São Paulo, os Frias, ou os da Globo, os Marinhos, ou ainda da Abril Cultural, os Civitas? Esses que quanto mais o Lula crescia, com mais fúria o atacavam para evitar que um próximo governo PT cortasse todos os anúncios oficiais ou que resolvesse rever suas concessões irregulares? Pensarão agora: “Não adianta bater nele, o que será que esse homem tem que nem todas as teorias sobre manipulação da opinião pública não se aplicam a ele?” “2010 está logo aí, daqui até lá o Brasil vai se destacar no cenário internacional como economia exemplar, a coisa está mal parada para quem for contrário a essa política econômica do Lula”. “Já somos vistos como aves de mal-agouro pelos nossos leitores.” Já pensam até em vender suas concessões para grupos que possam justificar a mudança de posição. Discutem entre seus diretores: “Nossos leitores, segundo a própria Folha, estão contra nossos ataques a Lula e parte dos empresários já nos pede para parar de prever crise econômica, querem evitá-la para não terem perdas com os investimentos que fizeram na produção”. Estão sozinhos, traídos pela sua própria previsão interesseira dos fatos. Fico aqui pensando nisso tudo e me deliciando. É muito bom saber que o brasileiro já está calejado, já não acredita em quem década após década se contradisse, mentiu, distorceu e causou um prejuízo imenso para o Brasil e para o povo brasileiro. Viva esse povo!! Viva Lula!!