domingo, 14 de dezembro de 2008

ECONOMIA - O mercado opera o Banco Central

Só queria saber quando o Lula vai demitir o Meirelles. Ele, antes de mais nada, continua agindo como se ainda fosse presidente do Banco de Boston.
Carlos Dória.

Nenhuma moeda mundial comportou-se com a volatilidade do real, depois da crise de setembro. Além dos problemas de política monetária, o Banco Central está se tornando refém do mercado, por conta de uma visão linear dos movimentos cambiais.

Por Luis Nassif.

Nem se fale do erro monumental de ter permitido a apreciação do real ultrapassando qualquer limite de responsabilidade. O erro está agora, na administração do overshooting (a desvalorização abrupta do real).

O BC está caindo na mesma armadilha que vitimou Armínio Fraga em 2002.

Para combater as pressões no câmbio, o BC vende swap cambial – ou seja, operações no mercado futuro em que não entra dólar moeda. A visão linear diz que é o ideal, pois evita gastar reservas para conter a especulação.

No momento em que vende os contratos de dólar, a cotação cede. No dia seguinte, o BC estará vendido em dólares (isto é, comprometido a vender os dólares dos contratos por determinada cotação); e o mercado estará comprado.

Todos os comprados estarão pressionando para o real se desvalorizar. Com sua visão monofásica, a diretoria do BC enxerga o alívio imediato no mercado e não se dá conta do acúmulo de pressões criadas e que se manterão até o vencimento dos contratos.

Nesse jogo de mercado, enquanto a briga entre comprados e vendidos se dá entre investidores privados, é soma zero – pode agitar um pouco, mas perdas e ganhos são decididos entre eles.

Quando o BC entra no jogo, corre o risco de ficar em uma ponta e o mercado inteiro na outra.

As operações de swap podem criar bolhas especulativas (como já ocorreu com o swap reverso), o BC pode entrar em corner (isto é, não ter mais como reagir ao mercado).

Nesses dias que antecederam a reunião do Copom esse jogou ficou claro. Mesmo com fluxo positivo de dólares, o real continuou a se desvalorizar, em uma clara tentativa do mercado de operar o BC – obrigando a manter taxas Selic elevadas.

Esse movimento cambial deve ter sido decisivo para o BC manter a Selic inalterada.

Não é o primeiro erro sério do BC nesssa área. Quando foi instituído o IOF sobre entrada de capitais, a Fazenda sugeriu que a medida entrasse em vigor imediatamente, para evitar o movimento de porteira aberta. O BC susteou que se deixasse para implementar na segunda (a portaria era de quarta-feira anterior) não haveria problemas.

Nesse intervalo, entraram quase US$ 10 bi de recursos adicionais, ampliando a apreciação cambial.

Fonte: Blog do Nassif/Site O Vermelho.

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