sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

OBAMA - Quem é quem próximo de Obama?

Ernesto Carmona.

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, deu a conhecer no dia 7 de Novembro, em Chicago, o homem chave do seu governo – Rahm Israel Emanuel, de 48 anos, que desempenhará o cargo de chefe de gabinete – a um selecto grupo de milionários, executivos de topo de grandes corporações e ex-altos funcionários do governo federal que de imediato começaram a ajudá-lo para enfrentar “directamente” a crise, que já não é só “financeira” nem exclusivamente estadunidense, mas total e global, pior que a de 1929 porque afecta a economia real de todo o planeta. Esta encenação perante as câmaras ocorreu antes da sua reunião com George Bush, na Casa Branca, no dia 10.

Os assessores económicos que trabalham lado a lado com a sua equipa de transição darão «resposta aos desafios económicos imediatos formulando estratégias para um fortalecimento económico a longo prazo».

Entre os estrategas selectos participam o presidente da Time-Warner, Richard Parsons; os ex-secretários do Tesouro de Clinton, Lawrence Summers e Robert Rubin; o ex-secretário da Reserva Federal (FED) 1979-1987, Paul Volcker; o presidente da Google, Eric Schmidt; o multimillonario Warren Buffett, de 77 anos, considerado o homem mais rico do mundo, presidente da Berkshire Hathaway, conglomerado de empresas lideradas por companhias de seguros.

Também figuram o ex-secretário do Comércio, William Daley; o presidente da Reserva Federal de Nova Iorque, Timothy Geither; o ex-congressista democrata pelo Michigan 1977-2003, David Bonior; o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa; o ex-encarregado da Comissão de Valores (SEC), Roel Campos; o ex-representante democrata David Bonior; e o ex-presidente da SEC, William Donaldson.

Outros membros da equipa são o ex-vice-presidente da Junta de Governadores da FED, Roger Ferguson; a governadora do Michigan, Jennifer Granholm; a presidenta da Xerox, Anne Mulcahy; o ex-ministro do Trabalho de Clinton em 1993-1997, Robert Reich; a ex-presidente do Conselho de Assessores Económicos, Laura Tyson, e a presidente de uma divisão da cadeia hoteleira Hyatt, Penny Pritzker.

Quase metade dos assessores económicos de Obama ocupou cargos fiduciários em empresas que “retocaram” as suas declarações financeiras ou contribuíram para a crise mundial, ou ambas as coisas. Nada disto foi debatido pelos grandes meios de comunicação no momento em que foram seleccionados.

RICHARD PARSONS, O VÍNCULO OBAMA-CNN

Richard Parsons, o presidente da Times-Warner Inc., proprietária da CNN, também director do Citigroup, ocupava um posto executivo mais baixo quando a empresa mediática foi sancionada em 2004 pela Comissão de Bolsa e Valores dos EUA (SEC) por fraudes contabilísticas. O Washington Post informou no dia 13 de Abril 2004 que a SEC acusou a Times-Warner de falsificar os seus lucros contabilísticos em 2002, ocultando mais de 400 milhões de dólares ganhos em publicidade após a sua fusão com a America Online (AOL) em 2001.

Por coincidência, no dia seguinte à eleição presidencial, a 5 de Novembro de 2008, no ponto mais alto da crise, o grupo mediático Time-Warner anunciou ganhos de 1.100 milhões de dólares para o terceiro trimestre, pelas vendas publicitárias das suas redes de televisão por cabo, como a CNN e a HBO, e pelo filme de Batman, The Dark Knight (O Cavaleiro das Trevas). Estes ganhos de 30 centavos de dólar por acção resultam 22,22% mais altos que os 900 milhões de dólares, ou 24 centavos por acção, obtidos em igual período do ano passado, segundo um comunicado da Time Warner.

O conglomerado Times-Warner, que também controla os estúdios de cinema Warner Bros, não ganhou mais porque teve que indemnizar muitos despedimentos na editorial Time Inc. (revista Time) e na New Line Cinema, mas ainda espera ganhos de 5% para todo o ano de 2008, no meio da crise. Os seus rendimentos ascenderam a 11.700 milhões de dólares aportados em grande parte pela cadeia de cabo CNN, «que beneficiou de altos índices de sintonia pela sua cobertura da eleição presidencial nos Estados Unidos. Os rendimentos pelos anúncios de cabo e subscritores cresceram 9 e 10 por cento, respectivamente», indicou a companhia.

O filme de Batman foi um dos mais bem sucedidos a nível de bilheteira da história e até Novembro tinha arrecadado cerca de 1.000 milhões de dólares na venda de entradas a nível mundial. O filme ajudou a elevar os ganhos da companhia em 6 por cento.

WHO IS WHO?

Robert Rubin tem um controverso pedigree contabilístico: foi presidente do comité executivo do Citigroup Inc. quando este banco publicou trabalhos falsos de investigação de analistas, ajudou a Enron Corporation a disfarçar os seus livros, foi surpreendido maquilhando os seus, foi director na Ford Motor Co. (2000-2006), que também cometeu faltas contabilísticas, e agora faz campanha a favor do resgate dessa companhia automotora e do Citigroup [1].

Anne Mulcahy, responsável executiva da Xerox e directora no Citigroup, tal como Parsons tinha um posto de menor graduação quando a SEC também sancionou a sua companhia por fraudes contabilísticas em 2002 [2]. Mulcahy e Parsons também foram directores da Fannie Mae quando a empresa estava a infringir regras contabilísticas.

William Daley, o ex-secretário do Comércio, tem também um historial controverso: pertence ao comité executivo da JP Morgan Chase & Co., um dos 9 grandes bancos que acabam de receber 125.000 milhões do orçamento de resgate do Tesouro, juntamente com o Citigroup.

Laura Tyson, ex-assessora económica da Casa Branca, foi directora durante dez anos do banco de investimentos Morgan Stanley, castigado em 2004 pela SEC por violações contabilísticas e beneficiário desde há um mês de 10.000 milhões de dólares do Departamento do Tesouro.

Penny Pritzker, a encarregada nacional de finanças da campanha de Obama, fez parte do conselho de administração da sociedade de carteira do prestamista subprime Superior Bank FSB, mais uma dentre as entidades financeiras responsáveis pela actual crise. Além disso, em 2001 a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC) adquiriu o controle da Caixa de Poupanças da Área de Chicago, onde a sua família tinha uma participação de 50%. Os donos da Caixa de Poupança comprometeram-se a pagar ao Governo Federal 460 milhões de dólares num prazo de 15 anos para cobrir as perdas que a FDIC teve ao comprar uma entidade falida.

Warren Buffet, considerado entre “as personalidades mais brilhantes” do grupo de assessores de Obama, tem também a sua história: esteve na comissão de auditoria do conselho de administração da Coca Bicha Co. quando a SEC concluiu que o fabricante de refrescos tinha enganado os investidores sobre seus lucros. Também foi investigado pela SEC em 1974, que suspeitava de um “conflito de interesses” na fusão da Berkshire, mas saiu ileso.

William Donaldson foi presidente da SEC quando esta comissão que “vigia” o mercado bursátil autorizou em 2004 que os grandes bancos de Wall Street “apalancassem” os seus balanços para além de qualquer prudência, isto é, que vendessem pacotes de dívidas respaldados por mais dívida. Entre os beneficiados estiveram a Lehman Brothers Holdings Inc. e a Bear Stearns Cos., os dois grandes bancos que primeiro faliram e desencadearam a crise financeira.

Donaldson esteve de 1998 a 2001 na comissão de auditoria de um provedor de serviços gratuitos de correio electrónico chamado Mail.com Inc. Pouco antes de abandonar a SEC, em 2005, esta mesma agência disciplinou a empresa de correio por violações contabilísticas produzidas durante a gestão do mesmíssimo Donaldson.

O CHEFE DE GABINETE

Rahm Emanuel, o congressista do Illinois que foi director da Freddie Mac em 2000 e 2001 enquanto a entidade hipotecária cometia fraude contabilística. O jornalista Jonathan Weil, escreveu em ElBoletin.es: «Idealmente, este cargo deveria ser ocupado por alguém que não se possa enganar facilmente. Pensem-no: de toda a gente que Obama poderia ter escolhido para chefe de gabinete, não pôde encontrar alguém que não tenha feito parte do conselho de administração da Freddie Mac?»

Rahm Israel Emanuel, de 48 anos, democrata do lobby sionista, nascido no Illinois, recebeu o seu mestrado em locução e comunicação na Universidade Northwestern em 1985. Amigo próximo de David Axelrod, chefe de estratégia da campanha presidencial de Obama, dirigiu campanhas de congressistas democratas e chegou a ser assessor de Bill Clinton depois de lhe ter conseguido doações da comunidade judaica de 72 milhões de dólares para a campanha de 1992. Esteve na Casa Branca de 1993 a 1998, primeiro como “ajudante do Presidente”, depois como “conselheiro máximo para política e estratégia”.

Em 1998 ingressou no banco de investimentos Wasserstein Perella (agora Dresdner Kleinwort), onde permaneceu até 2002, chegando a ser director gerente do escritório de Chicago em 1999, onde fez 16,2 milhões de dólares em 2 anos e meio de trabalho como banqueiro, segundo a sua declaração jurada ao Congresso, quando se converteu em legislador. Trabalhou em 8 compras relevantes para o Wasserstein Perella, entre outras, a Commonwealth Edison, da Peco Energy, e a GTCR Golder Rauner, da SecurityLink, unidade de seguros imobiliários de Communications.

Em 2000, Clinton nomeou-o na junta directiva da hoje falida Corporação Federal de Hipotecas de Empréstimos para a Habitação, mais conhecida como Freddie Mac. Em 2000 ganhava US$ 31.060 por mês, mas em 2001 aumentou para US$ 231.655 e, enquanto esteve nesse cargo, a Freddie Mac foi envolvida num escândalo por pagamentos de contribuições a campanhas eleitorais democratas e irregularidades na contabilidade. O organismo regulador do sector hipotecário (OFHEO, a sua sigla em inglês), acusou a junta directiva da Freddie Mac de «falhas no seu dever ao não prestar atenção às matérias submetidas à sua responsabilidade». Emanuel renunciou ao directório em 2001, quando se converteu em representante do 5° distrito do Illinois ante a câmara baixa.

UMA ILUSÃO QUE SE ESFUMA

Weil escreveu que o presidente eleito precisa de assessores novos e rápido, para evitar que a sua gestão seja mais do mesmo. «Estamos a passar por uma crise de confiança no capitalismo estadunidense», disse. «Estas não são as pessoas indicadas para restaurar o seu sentido da honra. Muitos deles deveriam ser citados como testemunhas essenciais de imediato, não incluídos no círculo íntimo de Obama. Acaso Obama não aprendeu nada com a desditada selecção de James Johnson, ex-chefe da Fannie Mae, para encabeçar o seu comité de busca de um candidato a vice-presidente?»

«Pensa que gente como Robert Rubin ou Richard Parsons oferecerão bons conselhos sobre como evitar que banqueiros desonestos ou directores distraídos afundem a nossa economia?», editorializou Weil. «Ou que não confundam as necessidades do país com os seus próprios interesses? Ou que as pessoas que nos levaram a este longo pesadelo financeiro têm ideia de como nos resgatar?».

Está claro que todos os esforços “para superar a crise” se orientam a salvar os banqueiros do Velho e do Novo mundo, a um custo estimado de 3 biliões de dólares. Com 10% dessa soma poderiam ter-se atingido as metas do milénio contra a pobreza, ou cobrir os 30 mil milhões de dólares que a FAO pediu para enfrentar a fome e os 20 mil milhões solicitados pela OMS para vacinas de pessoas pobres do terceiro mundo. Mas quando os pobres sofrem não há crise. Quando os ricos tremem… sim há crise e severa.

Mas Weil ainda acredita em Obama. Afirmou que o presidente eleito «criou a esperança de que os EUA possam voltar a representar tudo o que é bom no mundo. Não é muito tarde para mudar de rumo. Seria bom começar por desfazer-se deste grupo de assessores». Como? Se este grupo lhe financiou os mil milhões de dólares que agora se diz que gastou na sua campanha…

Em política externa e a respeito do Irão, Obama repetiu que se opõe «ao desenvolvimento de armas nucleares e ao apoio a organizações terroristas por parte do Irão». Parece que o mapa desse país está desenhado para a próxima guerra que o complexo militar industrial reclama. Fala-se muito da iminente queda das grandes companhias automotoras, com a General Motors à cabeça, mas não se ouviu nenhuma queixa das empresas militar-industriais: Lockheed Martin, Boeing, Northrop Grumman, General Dynamics, Halliburton, Raytheon, United Technologies, Science Applications International Corporation, Computer Sciences Corporation e muitas outras mega-companhias que fabricam máquinas de guerra para o Pentágono. E poderia ser porque os directores dos 10 megagrupos que controlam a informação e o entretenimento, incluída a Time-Warner Inc., também se sentam nos directórios do complexo militar industrial, que hoje também é mediático.

Obama afirmou que ainda não examinou uma carta do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, mas que pensava «responder adequadamente», acrescentando que os EUA só «têm um presidente ao mesmo tempo no cargo». Obama deve ser “eleito” pelo Colégio Eleitoral a 15 de Dezembro e assumirá a 20 de Janeiro. Sabe que existe interesse em saber quem integrará o seu gabinete, mas disse que os anunciará «nas próximas semanas».
Fonte:Informação Alternativa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obama é um homem sem identidade real.
Tornou-se real, pela virtualidade documental.
Atirou-se em um video game, e acertou-se em ente real.
Obama chega a ser algo, e não alguém.
De tudo o que já tivemos na mídia, é algo novo e assustador.
Há os que crêem ser ele uma nova forma de política.
Lembrem-se de Collor na presidência do Brazil.
Pregou uma coisa, fez o oposto.
Obama parece ser da mesma turma.
Há indícios horrorosos sobre a composição das idéias de Obama.
Um pé atrás, com toda esta crise rondando o mundo, nunca é demais.
Tenho, particularmente, que Obama é um contra-Cristo na vida cotidiana, porquê Jesus é radical, não há concessões.
A política de Obama será de concessões e de conchavos.
Governará com poucos ao seu redor e terá sucesso imediato.
Aos poucos mostrará a que veio.
Obama é o Anti-Cristo !