sábado, 13 de dezembro de 2008

PETRÓLEO - O choque continua.

Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

(Carta Capital)

O preço do barril de petróleo atingiu um pico de 147 dólares em julho de 2008 e manteve-se perto dos 100 dólares até setembro, mas despencou com uma rapidez impressionante após a eclosão da crise financeira dos países ricos e iniciou dezembro abaixo dos 50 dólares (46,39 para o petróleo Brent, no dia 1º).

É o fim do terceiro choque do petróleo ou uma trégua temporária? Quais as conseqüências para a economia e geopolítica do planeta e das principais nações exportadoras de petróleo, como a Venezuela, o Irã, a Arábia Saudita e a Rússia? Continua economicamente viável a exploração das recém-descobertas reservas brasileiras do pré-sal?

Para as próximas semanas e meses, a expectativa é que o preço caia mais um pouco. Depois do fiasco de 2008, não se pode levar muito a sério as previsões dos bancos de investimento de Wall Street, mas os analistas do Merrill Lynch (hoje controlado pelo Bank of America) estimavam em 25 de novembro que o preço médio do primeiro trimestre será de 43 dólares, o do segundo, 45 dólares e o do quarto, 61 dólares. Outra instituição, o Australia and New Zealand Banking Group, projeta média de 43 dólares em 2009.

São as previsões mais baixas entre as dezenas em circulação. O Institute of International Finance, associação de 38 grandes bancos dos países centrais, prevê uma média de 55,60 dólares, comparável aos preços reais do primeiro choque do petróleo, em 1974-1978. A BMO, uma empresa independente de projeções econômicas, espera uma média de 70 dólares, chegando a 78 no último trimestre. A concorrente Financial Forecast Center previu (em 18 de novembro) 73 dólares em janeiro e média de 78 dólares no primeiro semestre (83 em junho). O Citigroup supõe média de 65 dólares, em 2009, a 75, em 2010. Em setembro, o Goldman Sachs apostou que o petróleo se recuperaria de 120 a 140 dólares e agora espera preços abaixo de 65 dólares até março, mas acredita em alta no fim do ano, chegando a 107 dólares. Nestas hipóteses, o petróleo, no final de 2009, já estaria de volta a níveis comparáveis ou superiores aos atingidos nos momentos mais críticos do segundo choque do petróleo, em 1980-1981.

No auge das conseqüências da crise asiática sobre o mercado de petróleo, no início de 1999, o barril de petróleo Brent chegou a valer 10 dólares (13,50 em dólares de hoje), mas ninguém espera ver o preço voltar a esse patamar, apesar da amplitude bem maior da crise atual. Muito menos aos preços do início dos anos 70 (1,80 dólar, ou cerca de 10 dólares atuais). A margem de incerteza é ampla, mas parece haver consenso sobre não existir a possibilidade de o preço chegar a cair para algo próximo das médias dos anos 90 (de 20 a 30 dólares de hoje por barril).

É uma expectativa razoável. Os motivos estruturais pelos quais o preço do petróleo subiu nos últimos anos continuam presentes. A retração brusca do consumo nos países ricos enfraquece temporariamente a demanda, mas não mudou os fundamentos da dinâmica do mercado. Se, como geralmente se espera, a recessão dos países centrais não durar muito mais que um ano e os países continuarem a crescer no próximo ano, ainda que a um ritmo menor, o petróleo provavelmente voltará a subir antes do final de 2009, mesmo que a Opep não consiga coordenar um corte de produção convincente. Se houver uma estagnação prolongada dos países centrais, a recuperação dos preços será mais lenta, mas virá.

Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa (jornalista)
Fonte: AEPET.

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