Por Maurício Tuffani em 20/1/2009.
Reproduzido do blog Laudas Críticas, 18/01/2009; título original "`Ibama´ de Obama será mais científico, promete nova chefe"
A imprensa brasileira não deu importância à notícia da confirmação pelo Senado dos EUA da engenheira química Lisa Jackson para chefiar a EPA (Agência de Proteção Ambiental). A escolha dela pelo presidente dos EUA, Barack Obama, já havia sido anunciada em meados de dezembro. Porém, mais importante que a aprovação de seu nome para o cargo que assume na terça-feira (20/1) foi a declaração dela sobre sua primeira tarefa – "resgatar a integridade científica e legal" do órgão, segundo a reportagem "EPA pick vows to put science first" (The New York Times, 14/1).
"A ciência precisa ser o esqueleto do que a EPA faz", afirmou Lisa no início de sua explanação ao comitê de meio ambiente do Senado. O sentido da afirmação da nova administradora é que a agência teve muitas ingerências políticas durante as gestões de Christine Todd Whitman (2001-2003), Michael O. Leavitt (2003-2005) e Stephen L. Johnson (2005-2009), todas da administração de George W. Bush.
Criada em julho de 1970, a EPA é diretamente subordinada à Casa Branca. Tem cerca de 17 mil funcionários em todo o país, trabalha com um orçamento anual de aproximadamente US$ 7 bilhões e possui também uma grande estrutura de laboratórios de pesquisa científica.
"Música para os ouvidos"
De ascendência afro-americana, a nova administradora da EPA chefiou o Departamento de Proteção Ambiental do Estado de New Jersey durante quase dois anos, até assumir em 1º de dezembro a chefia do gabinete do governador do estado. Ela, que completa 47 anos em 8 de fevereiro, é funcionária do departamento há 15 anos.
Lisa Jackson teve a aprovação de seu nome pelo Senado comemorada por ambientalistas como Josh Dorner, secretário-adjunto de imprensa da ONG Sierra Club. Ele disse que fazia também suas as palavras "música para meus ouvidos" da senadora californiana Barbara Boxer (Partido Democrata), referindo-se às respostas de Lisa durante sua sabatina pelo comitê.
É interessante notar que ao se referir aos aspectos científico e legal da EPA, ela não usou o bordão "resgatar a credibilidade", tão comum no Brasil, mas resgatar a integridade. Não fosse pelo enfoque muito mais científico do que ambientalista de seus posicionamentos, essas circunstâncias da definição da nova administradora da EPA poderiam ser comparadas com a da indicação de Marina Silva (PT-AC) para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2003, no início da gestão de Lula.
Lisa Jackson não foi mencionada nem mesmo por Marina Silva, no texto de segunda-feira (19/1) "A hora de Obama", em sua coluna semanal na Folha de S.Paulo (pág. A2). Muito menos sua promessa para a EPA.
Mesmo assim, ainda é uma boa oportunidade para a imprensa brasileira lembrar que tivemos aqui no Brasil um filme com início mais ou menos parecido. O bom é torcer para que daqui a algum tempo Lisa Jackson não seja também obrigada a dizer "perco o pescoço, mas não perco o juízo".
Fonte: Observatório da Imprensa.
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