Mais de 1.500 delegados, vindos de todas as regiões do Brasil, em representação dos trabalhadores rurais sem terra organizados no MST aprovaram um documento – Carta do MST – na comemoração dos seus 25 anos de luta pela posse da terra.
Por o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
1. Nós, mais de 1.500 trabalhadores rurais sem terra, vindos de todas as regiões do Brasil, e delegações internacionais da América Latina, Europa e Ásia, nos reunimos de 20 a 24 de janeiro em Sarandi, no Rio Grande do Sul, para comemorar os 25 anos de lutas do MST. Avaliamos também nossa história e reafirmamos o compromisso com a luta pela Reforma agrária e pelas mudanças necessárias ao nosso País.
2. Festejamos as conquistas do nosso povo ao longo desses anos, quando milhares de famílias tiveram acesso à terra; milhões de hectares foram recuperados do latifúndio; centenas de escolas foram construídas e, acima de tudo, milhões de explorados do campo recuperaram a dignidade, construíram uma nova consciência e hoje caminham com altivez.
3. Reverenciamos nossos mártires que caíram nessa trajetória, abatidos pelo capital. E lembramos dos líderes do povo brasileiros que já partiram, mas deixaram um legado de coerência e de luta.
4. Vimos como o capital, que hoje consolida num mesmo bloco as empresas industriais, comerciais e financeiras, pretende controlar nossa agricultura, nossas sementes, nossa água, a energia e a biodiversidade.
5. Nos comprometemos em garantir à terra sua verdadeira função social, cuidar das sementes e produzir alimentos sadios, de modo a proteger a saúde humana, integrando homens e mulheres a um meio ambiente saudável e adequado a uma qualidade de vida cada vez melhor.
6. Reafirmamos nossa disposição de continuar a luta, em aliança com todos os movimentos e organizações dos trabalhadores e do povo, contra o latifúndio, o agronegócio, o capital, a dominação do Estado burguês e o imperialismo.
7. Defendemos a reforma agrária como uma necessidade popular, que valoriza o trabalho, a agro-ecocologia, a cooperação agrícola, a agro-indústria sob o controle dos trabalhadores, a educação e a cultura, medidas imprescindíveis para a conquista da igualdade e da solidariedade entre os seres humanos.
8. Estamos convencidos de que somente a luta dos trabalhadores e do povo organizado pode levar às mudanças econômicas, sociais e políticas indispensáveis à efetiva emancipação dos explorados e oprimidos.
9. Reafirmamos a solidariedade internacional e o direito dos povos à soberania e à autodeterminação. Por isso, manifestamos nosso apoio a todos que resistem e lutam contra as intervenções imperialistas, como faz hoje o povo afegão, cubano, haitiano, iraquiano e palestino.
10. Cientes de nossas tarefas e enormes desafios que se colocam, reafirmamos a necessidade de construir alianças com as organizações e os movimentos populares e políticos em torno de bandeiras comuns, para que, unidos e solidários posamos construir um projeto popular, capaz de romper com a dependência e subordinação interna e externa ao capital e de construir uma sociedade igualitária e livre – uma sociedade socialista.
Sarandi, 24 de janeiro de 2009
Fonte:O Diário.info.
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