sábado, 31 de janeiro de 2009

MST - Carta do MST, na comemoração dos seus 25 anos de luta pela posse da terra.

Mais de 1.500 delegados, vindos de todas as regiões do Brasil, em representação dos trabalhadores rurais sem terra organizados no MST aprovaram um documento – Carta do MST – na comemoração dos seus 25 anos de luta pela posse da terra.

Por o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST

1. Nós, mais de 1.500 trabalhadores rurais sem terra, vindos de todas as regiões do Brasil, e delegações internacionais da América Latina, Europa e Ásia, nos reunimos de 20 a 24 de janeiro em Sarandi, no Rio Grande do Sul, para comemorar os 25 anos de lutas do MST. Avaliamos também nossa história e reafirmamos o compromisso com a luta pela Reforma agrária e pelas mudanças necessárias ao nosso País.

2. Festejamos as conquistas do nosso povo ao longo desses anos, quando milhares de famílias tiveram acesso à terra; milhões de hectares foram recuperados do latifúndio; centenas de escolas foram construídas e, acima de tudo, milhões de explorados do campo recuperaram a dignidade, construíram uma nova consciência e hoje caminham com altivez.

3. Reverenciamos nossos mártires que caíram nessa trajetória, abatidos pelo capital. E lembramos dos líderes do povo brasileiros que já partiram, mas deixaram um legado de coerência e de luta.

4. Vimos como o capital, que hoje consolida num mesmo bloco as empresas industriais, comerciais e financeiras, pretende controlar nossa agricultura, nossas sementes, nossa água, a energia e a biodiversidade.

5. Nos comprometemos em garantir à terra sua verdadeira função social, cuidar das sementes e produzir alimentos sadios, de modo a proteger a saúde humana, integrando homens e mulheres a um meio ambiente saudável e adequado a uma qualidade de vida cada vez melhor.

6. Reafirmamos nossa disposição de continuar a luta, em aliança com todos os movimentos e organizações dos trabalhadores e do povo, contra o latifúndio, o agronegócio, o capital, a dominação do Estado burguês e o imperialismo.

7. Defendemos a reforma agrária como uma necessidade popular, que valoriza o trabalho, a agro-ecocologia, a cooperação agrícola, a agro-indústria sob o controle dos trabalhadores, a educação e a cultura, medidas imprescindíveis para a conquista da igualdade e da solidariedade entre os seres humanos.

8. Estamos convencidos de que somente a luta dos trabalhadores e do povo organizado pode levar às mudanças econômicas, sociais e políticas indispensáveis à efetiva emancipação dos explorados e oprimidos.

9. Reafirmamos a solidariedade internacional e o direito dos povos à soberania e à autodeterminação. Por isso, manifestamos nosso apoio a todos que resistem e lutam contra as intervenções imperialistas, como faz hoje o povo afegão, cubano, haitiano, iraquiano e palestino.

10. Cientes de nossas tarefas e enormes desafios que se colocam, reafirmamos a necessidade de construir alianças com as organizações e os movimentos populares e políticos em torno de bandeiras comuns, para que, unidos e solidários posamos construir um projeto popular, capaz de romper com a dependência e subordinação interna e externa ao capital e de construir uma sociedade igualitária e livre – uma sociedade socialista.

Sarandi, 24 de janeiro de 2009

Fonte:O Diário.info.

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