quinta-feira, 19 de março de 2009

BANCOS ESPECULAM COM DEPÓSITO COMPULSÓRIO

Por essas e outras é que sou a favor da estatização dos bancos em nosso país. Os banqueiros são os maiores exploradores do povo brasileiro, haja visto os juros e o "spread" que cobram.E além do mais, o presidente do BC é executivo de um banco estrangeiro, e faz o jogo dos seus colegas banqueiros.Esse cidadão já devia ter sido demitido há muito tempo.

por Michelle Amaral da Silva

Com juros elevados, bancos não realizam empréstimos e investem dinheiro no mercado financeiro

Dafne Melo

da Redação

''Temos um problema no mundo chamado acesso ao crédito'', assim o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu a crise econômica mundial dia 16 de março, em Nova Iorque. Entretanto, economistas apontam que as medidas do governo federal desde o início da crise têm sido totalmente ineficazes para restabelecer a liquidez no país.

Uma dessas medidas, realizadas ainda no final do ano passado, foi a diminuição dos depósitos compulsórios que as instituições bancárias devem manter no Banco Central. O objetivo era justamente injetar mais dinheiro na economia, via empréstimos financeiros bancários. Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Políticas Econômicas e Aplicadas (Ipea), aponta que isso não foi o que aconteceu. “A redução dos compulsórios, sem que se reduzisse a taxa de juros, não surtiu o efeito anunciado. Com mais recursos, os bancos vão investir naquilo que é mais rentável e, ao invés de aumentar os créditos e alavancar o setor produtivo, vão investir em títulos da dívida pública”, explica o economista.



Contrapartidas

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, declarou que, até 11 de fevereiro, os bancos deixaram de depositar 99,8 bilhões de reais no BC. Em tese, essa quantia estaria a disposição daqueles que quisessem obter créditos nos bancos. Entretanto, com os juros altos, poucos são os que se atrevem a captar recursos junto às instituições bancárias, embora a demanda no país seja alta. Como exemplo, afirma que antes da crise estourar, 20% dos recursos obtidos aqui eram capturados no exterior. Com a falta de crédito em todo mundo, essas fontes secaram e muitos bancos pequenos e empresas estão sem possibilidade de obter recursos.

Os bancos, com dinheiro a mais em caixa e sem perspectivas de realizar empréstimos, investem no mercado financeiro e mantém suas taxas de lucro altas, independentemente da crise. José Carlos de Assis, professor de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) concorda com a avaliação de que as medidas do governo federal serão insuficientes enquanto a taxa de juros continuar alta. “Com a maior taxa de juros do mundo, não é possível irrigar a nossa economia”, afirma. O correto, continua, além de abaixar a taxa Selic, é exigir contrapartidas dos bancos para garantir que seu destino seja injetar capital na economia, ou seja, aumentar a liquidez.

Juros

Pressionado e cada vez com menos justificativas para manter a taxa Selic tão elevada, o Conselho Político Monetário (Copom) a reduziu em 1,5%, em reunião realizada dia 11; foi a maior redução percentual desde novembro de 2003. Porém, para José Carlos de Assis, ela continua altíssima e se o objetivo é reaquecer de fato a economia a médio prazo, ele deve abaixar cada vez mais, e rápido.

As centrais sindicais e organizações comerciais e industriais também não festejaram muito a queda anunciada pelo Copom. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), em nota oficial, defendeu que as reuniões do Copom devem ser menos espaçadas e os cortes mais drásticos. Também afirmam que o órgão do BC deve ter controle social, com a inclusão de representantes do setor produtivo nas decisões.

Para Assis, as justificativas recorrentes do BC para manter a Selic alta se mostram, no cenário da crise, cada vez menos consistentes. O medo da volta da inflação, por exemplo, estaria totalmente descartado. “Em momentos de crise o medo geral é por deflação, por queda de preços. Dizer que não abaixa para controlar a inflação é uma justificativa falsa”, afirma Assis, que atribui as decisões do governo a uma postura ortodoxa que não admite mudanças na atual política fiscal brasileira, não permitindo aumento dos investimentos para acelerar a produção e gerar emprego e renda.

Gastos

De acordo com o economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, o conservadorismo do governo Lula, diante da crise, deixa para trás até mesmo os Estados Unidos. No último trimestre de 2008, o gasto público de George W. Bush, aumentou em 20%. No Brasil, o aumento foi de apenas 0,5%.

Algumas tentativas têm sido esboçadas. Neste mês, o governo anunciou um novo pacote de financiamentos de casas populares. Assis acredita que, se conduzido de forma diferente, esse programa seria uma boa oportunidade para unir as demandas sociais com o combate à crise. “Claro que é algo positivo, mas insuficiente. Com financiamentos você não cria demandas novas, mas apenas desloca orçamentos”. Ao seu ver, uma saída seria construir as moradias populares por meio de mutirões remunerados, formados pelas próprias pessoas da comunidade que estejam desempregadas e residam em bairros de periferia das grandes metrópoles. “Um programa como esse gastaria cerca de 1,5% do PIB e seria um investimento novo na economia. Além disso, geraria emprego em regiões metropolitanas, onde a taxa de desemprego é a maior”, opina. (Com informações do Vermelho – www.vermelho.org.br)

Para entender

Depósito compulsório – Parte do controle monetário do país, o depósito é um dos instrumentos que o Banco Central (BC) usa para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia. Os bancos são obrigados por lei a manter parte dos recursos de seus clientes numa conta do BC, evitando a multiplicação excessiva da moeda.

Quanto

99,8 bilhões de reais é a quantidade de dinheiro que os bancos deixaram de depositar no Banco Central de outubro de 2008 a fevereiro deste ano.

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