terça-feira, 3 de março de 2009

MST OCUPA FAZENDA DE DANTAS, JÁ FLAGRADA COM ESCRAVOS.

Leonardo Sakamoto.

Trabalhadores rurais ligados ao MST ocuparam ontem a fazenda Espírito Santo, localizada no Sul do Pará, controlada pela Agropecuária Santa Bárbara, do Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Integrada por terras públicas, elas estavam cedidas pelo Estado para Benedito Mutran Filho para colonização e extrativismo e não poderiam ter sido vendidas a Dantas sem autorização do governo.

A fazenda tem uma história manchada de sangue. Em setembro de 1989, aos 17 anos, o trabalhador rural José Pereira Ferreira foi atingido por uma bala no rosto por funcionários da fazenda Espírito Santo quando tentava escapar do trabalho escravo. O caso, que não recebeu uma resposta das autoridades brasileiras, foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Para não ser condenado por omissão, o governo brasileiro teve que fazer um acordo em que se comprometia a adotar uma série de medidas para combater o trabalho escravo e a indenizar José Pereira pela omissão do Estado. Em novembro de 2003, o Congresso Nacional aprovou um pagamento de R$ 52 mil.

A petição número 11.289 da OEA, relativa à solução amistosa do “Caso Zé Pereira”, afirma que “o Estado brasileiro assume o compromisso de continuar com os esforços para o cumprimento dos mandados judiciais de prisão contra os acusados pelos crimes cometidos contra José Pereira”. O caso ainda está aberto, aguardando julgamento de acusados, sendo que o gerente da fazenda, Artur Benedito Cortes Machado, teve extinta a punibilidade retroativa em 06 de outubro de 1998 devido à prescrição do crime. Tanto no processo da OEA quanto no que correu na Justiça brasileira, Benedito Mutran Filho não aparece entre os réus. O proprietário da fazenda foi arrolado como testemunha pela acusação e afirmou que raramente ia à fazenda Espírito Santo e que demitiu os funcionários envolvidos assim que soube do acontecido. Nada foi movido contra Mutran.

Ou seja, além do pepino de comprar terras irregulares, Daniel Dantas também adquiriu, em setembro de 1995, um triste marco na história da exploração do trabalhador brasileiro. Dar uma nova função a essas terras através da reforma agrária não seria uma má idéia.
Fonte:Blog do Sakamoto.

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