quinta-feira, 12 de março de 2009

REFLEXÕES DE FIDEL - As angústias do capitalismo desenvolvido.

NA segunda-feira passada, 9, como todas as outras, foi um maravilhoso dia de contradições do capitalismo desenvolvido em meio a sua crise inevitável.

A agência de notícias britânica Reuters, nada suspeita de ser anticapitalista, publicou nesse dia: "A América Latina crescerá substancialmente menos neste ano, abalada por uma forte desaceleração ou, inclusive, por recessões, nalgumas de suas principais economias, após anos de bonança, caracterizado pela alta dos preços das matérias-primas.

"Apesar de o BID não fazer prognósticos próprios, Lora — economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento — assinalou que ‘já ninguém fala que a região vai crescer mais de 1% (neste ano), inclusive, se a gente rever as últimas estatísticas, constatará que praticamente há quedas em todas as grandes economias da América Latina. Se a gente ver as estatísticas, perceberá por que todas as grandes economias estão caindo’, disse Lora.

"Atingida fortemente pela crise financeira global, que diminuiu a demanda por suas exportações, na região não haverá uma pronta recuperação, sublinhou.

"‘A crise não vai durar um ou dois anos, nalguns países da América Latina pode durar muito mais’, disse Lora, citando uma enquete realizada pelo BID entre líderes de opinião, que resultou em que a grande maioria vaticina a estagnação ou a queda na renda per capita dos países da região nos próximos quatro anos".

Nesse mesmo dia, a agência espanhola EFE informou:

"A produção de cocaína se estendeu a vários países da América Latina e desencadeou uma onda de violência e migrações de populações, que fazem com que alguns reclamem um enfoque da guerra contra o narcotráfico, informou hoje o diário britânico The Guardian.

"Essa indústria, que gera lucros de bilhões de dólares, obrigou muitos agricultores a abandonarem suas terras, ocasionou guerras entre bandos e corrompeu as instituições do Estado, afirmou o jornal.

"Apenas no México, 6 mil pessoas morreram no ano passado por causa desse tipo de atividades, e a violência está chegando ao norte, isto é, aos próprios Estados Unidos.

"Ao mesmo tempo, cresceu tão rapidamente uma nova rota do narcotráfico entre a América do Sul e a África Ocidental que o corredor, a dez graus de latitude, que liga os dois continentes, já foi batizado como a ‘Interestatal 10’.

"Quase todos os entrevistados pelo jornal opinam que a insaciável demanda de cocaína na Europa e na América do Norte frustrou os esforços, liderados pelos EUA, para asfixiar a oferta e causou forte prejuízo à América Latina.

"‘Acreditamos que a guerra contra as drogas fracassou porque não se conseguiu nenhum dos objetivos’, declarou ao jornal César Gaviria, ex-presidente da Colômbia e co-presidente da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia.

"Segundo Gaviria, ‘as políticas proibicionistas, baseadas na erradicação, na interdição e na criminalização, não tiveram os resultados previstos. Hoje estamos mais longe que antes de atingir o objetivo de erradicar as drogas’.

"A estratégia dos Estados Unidos na Colômbia e no Peru, que visa lutar contra a matéria-prima, não deu certo, reconheceu, por seu lado, o coronel René Sanabria, chefe da Polícia Antidrogas da Bolívia.

"Um relatório da Brookings Institution, dos EUA, e um estudo independente do economista de Harvard, Jeffrey Miron, apoiado por 500 colegas dele, juntaram-se aos que reclamam um novo enfoque".

A agência AFP, por sua, noticiou:

"O presidente do México, Felipe Calderón, exigiu dos Estados Unidos, nesta segunda-feira, assumir ‘com feitos’ sua parte de responsabilidade no combate ao narcotráfico, cuja atuação se concentra, sobretudo, na fronteira comum.

"‘Em nome das centenas de policiais mexicanos que faleceram, é fundamental que os Estados Unidos assumam com feitos sua parte de responsabilidade nesta luta contra o tráfico de drogas’, declarou Calderón numa coletiva com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, numa visita oficial ao México.

"Calderón também pediu a Washington trocar informação sobre a atuação de narcotraficantes mexicanos nos Estados Unidos, o maior mercado de consumo de cocaína do mundo, fornecido principalmente por cartéis de seu vizinho do sul.

"‘Se as unidades de inteligência ou as agências especializadas policiais ou militares dos Estados Unidos tiverem informação sobre criminosos mexicanos nos Estados Unidos, nós queremos essa informação’, disse Calderón aos repórteres, após se reunir com Sarkozy no Palácio Nacional.

"O governo do México desdobrou uma força de 36 mil militares para combater os cartéis da droga, que travam guerra contra o tráfico de drogas rumo aos Estados Unidos, que deixou 5.300 mortos em 2008".

Nesse mesmo dia, a presidenta da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, declarou que era partidária firme de incrementar até 15% o volume de etanol no combustível para reduzir a dependência do país das importações petroleiras.

Como é sabido, nos Estados Unidos se produz o etanol do grão que é ocupa um lugar importante no desenvolvimento humano.

Essas notícias, bem frescas, noticiadas pelas agências na segunda-feira passada, demonstram quão fidedignas foram as conclusões de Atilio Borón no resumo publicado pelo jornal Granma nesse mesmo dia.

Fidel Castro Ruz.
Fonte:GRANMA INTERNACIONAL.

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