Apoiou o golpe e perdeu todas as chances de ser papável
Muitos em Roma estão surpreendidos e amargurados com a posição golpista da Igreja de Honduras, inspirada nada menos do que pelo seu líder, o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, de 66 anos, um salesiano que tantas esperanças suscitou entre os católicos latino-americanos, norte-americanos e europeus por sua grande sensibilidade social, que o levou à presidência da Cáritas Internacional da qual é o atual presidente.
A reportagem é de Julio Algañaraz, correspondente em Roma, e publicada pelo jornal Clarín, 06-07-2009.
Considerado um papável no Conclave de abril de 2005 que elegeu Bento XVI, com seu gesto lamentável ele perdeu todas as chances que ainda tinha de ser o eventual sucessor do atual pontífice. Ele ganhou um merecido desprestígio entre os mesmos que se entusiasmavam com suas posições sociais.
Renasce, assim, um fantasma que parecia ter desaparecido: a realista legenda negra da cumplicidade de uma parte importante da Igreja Católica com as ditaduras militares latino-americanas e as repressões selvagens.
Relendo os despachos das agências de notícias e dos jornais da região dos últimos meses se percebe o apoio da Igreja hondurenha à oposição e a sua decisão de se opor ao presidente Manuel Zelaya.
Maradiaga, um dos mais conhecidos cardeais latino-americanos, com vastos contatos em todos os níveis da Cúria de Roma, fez mais do que apoiar os golpistas militares e civis. Sua Eminência é um inspirador dos golpistas. Ele os brindou com uma cobertura que os reforça e que contribui ainda mais para ferir a causa democrática na América Latina, onde os golpes de Estado pareciam um anacronismo superado.
Na declaração da Igreja hondurenha que leu no sábado, o cardeal ataca Zelaya, a OEA e os governos latino-americanos que apóiam a volta de Zelaya. Em nenhum momento tomam distância da aventura golpista. Acusam Zelaya como responsável por um eventual derramamento de sangue mas não os golpistas que o prenderam e o mandaram de pijama para a Costa Rica.
Tudo isso dá o que pensar. Por exemplo que o cardeal Rodríguez Maradiaga estava comprometido com a fase conspirativa do golpe de Estado, que deu o aval à ação anti-democrática e que prometeu uma cobertura pública como a que leu no sábado em nome de todo o episcopado nacional.
Ontem, o governo golpista mandou que fosse repetida várias vezes a mensagem do cardeal, na televisão e nas rádios.
Fonte:IHU
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