Por Redação, com Reuters - de Islamabad
Obama enviou Richard Holbrooke ao Paquistão.
O presidente dos EUA, Barack Obama, começou a buscar uma aproximação com alguns dos mais fervorosos partidos islâmicos e antiamericanos dos Paquistão, na esperança de melhorar a imagem de Washington no país.
O enviado especial de Obama, Richard Holbrooke, está iniciando um diálogo entre os Estados Unidos e partidos religiosos que governos anteriores dos EUA rejeitaram, segundo ambas as partes.
– O propósito é ampliar a base das relações norte-americanas no Paquistão além do círculo relativamente estreito de líderes com os quais Washington havia anteriormente tratado – explicou Vali Nasr, assessor de Holbrooke.
John Bolton, embaixador dos EUA na ONU durante o governo de George W. Bush, questionou a pertinência de abordar simpatizantes do Talebã às vésperas das eleições no vizinho Afeganistão, onde forças norte-americanas enfrentam essa milícia islâmica radical.
– A democracia no Paquistão é tão frágil agora que negociar com pessoas que parte do espectro democrático paquistanês considera terroristas me abala por ser consideravelmente arriscado – disse Bolton.
– O que deveríamos estar fazendo é garantir que nossos laços com os militares sejam fortes, porque o risco mais grave é a penetração radical nos militares – completou.
Numa das sessões desta semana, Liaqat Baloch, dirigente do partido religioso direitista Jamaat-e-Islami, disse a Holbrooke que aprovava a mudança de tom do governo Obama em relação ao mundo islâmico.
Mas Baloch se disse perturbado por "não ver mudança na prática" no Paquistão e Afeganistão, onde Obama ampliou as operações militares contra o Talebã.
Holbrooke convidou Jamaat-e-Islami para visitar a vigiadíssima embaixada norte-americana em Islamabad, na esperança de afastar boatos de que haveria milhares de marines dos EUA estacionados ali.
Fazl-ur-Rehman, cujo partido Jamiat-e-ulema-e-Islam participou ativamente na construção do apoio ao Talebã na década de 1990, também teve uma audiência com Holbrooke e sua equipe.
Rehman nega que a Al Qaeda tenha sido responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, e certa vez alertou que, se as forças dos EUA invadissem o Afeganistão, nenhum americano no Paquistão estaria seguro.
Nos últimos anos, porém, a relação de Rehman com o Talebã se tornou tensa, e ele apoiou publicamente as negociações entre o governo de Cabul, apoiado pelos EUA, e o grupo islâmico.
– Suas mãos não estão exatamente limpas –" disse Lisa Curtis, da Fundação Heritage, a respeito de Rehman.
– Ele está associado ao Talebã – disse.
Fonte:Jornal Correio do Brasil
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