sábado, 15 de agosto de 2009

POLÍTICA - Candidatura Marina Silva pelo PV.

CAMPANHA: NÃO CAIA NESSA ARAPUCA MARINA!

BRÁULIO B. WANDERLEY

No mínimo soa estranho a imprensa, os tucanos e seus párias requisitarem a senadora Marina Silva (PT) como candidata à presidência pelo PV.

Não se discute a competência, a biografia e a seriedade da senadora Marina, de certo, é um belo nome que o PT vacilou ao não considerar como uma possibilidade eleitoral, já que criou um dogma chamado Dilma. Também competente e de biografia impoluta a serviço da democracia e do povo nos momentos mais truculentos da redentora militar.

Recentemente o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), sugeriu uma prévia petista entre Dilma e Marina. É válido lembrar que em 2002, o próprio Suplicy disputou a indicação à candidatura presidencial com Lula, ao qual além de vencer as prévias petistas com 84%, Lula finalmente conseguiu chegar ao palácio do planalto.

Mas a quem favorece a candidatura de Marina? Ao verificar um presidente com mais de 80% de aprovação popular e a hesitação do septagenário José Serra (PSDB) em trocar uma reeleição mais fácil que um mandato presidencial? Marina é tão leve quanto o Partido Verde e soam como possíveis novidades no pleito de 2010. Após conturbados anos de desmoralização midiática do Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças.

Mas vale ressalvar que a biografia de Marina não coaduna ao papel de coadjuvante dos tucanos que ela e Chico Mendes sempre combateram. Seria normal ver Marina, Serra e Kassab no mesmo palanque em São Paulo? Ou com Aécio em Minas? Ou com Jarbas em Pernambuco? Ou com Sarney no Maranhão/Amapá? Gabeira está em todas com os tucanos e os recebe no seu palanque para o governo do Rio em 2010.

Será que Marina entra nessa? Seria uma mudança muito grande sair do PT após 30 anos para servir de laranja ao PSDB, um partido representante dos grileiros, do agronegócio e do latifúndio que a senadora e tantos outros companheiros dedicaram suas vidas, com muito derramamento de sangue. Inocência seria pensar que um 'projeto de desenvolvimento sustentável' só passou a existir na sua vida às vésperas das eleições, num puro oportunismo do PV/PSDB para quebrar a candidatura governista.

Aliás, o líder do Partido Verde na câmara dos deputados é Sarney Filho, ex-ministro do meio ambiente do governo FHC. Tudo bem que o deputado até agora não apareceu nos problemas do pai, mas para quem começou na ARENA-PDS-PFL e agora se diz VERDE! Não combina com a ex-ministra, que não é uma militante de ocasião e de modismos.

O mais interessante, porém, é verificar que os entusiastas de agora são os mesmos que até o ano passado, quando Marina ainda era ministra, a trataram como atrasada, arcaica e que sua política ambiental impedia o crescimento econômico. Outros posts virão denunciar esses oportunistas e atuais apoiadores.

Marina não rompeu com o governo, continua fiel ao Partido e suas lideranças no Acre, como o governador Binho, o ex-governador Jorge Viana e seu companheiro de bancada Tião Viana. De certo precisaria de um discurso que justificasse a fragmentação do palanque governista para 2010. Ao contrário da raivosa vereadora Heloísa Helena (PSOL) que encontra na cólera e nas frases de baixo calão a forma de impor seu nome perante ao já escandaloso cenário político brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão midiáticas como as denúncias são as frases de efeito e retóricas que o PT utiliza para "rebater" tais denúncias. Isso sem falar no jogo do fisiologismo, do dois-pesos-duas-medidas, das alianças espúrias em nome da "governabilidade".