sábado, 31 de outubro de 2009

CÃES E GATOS ANTIECOLÓGICOS:consomem como um carro.

Associar a imagem de um cão que sacode o rabo a de um SUV [veículo utilitário esportivo] barulhento e poluidor não é a operação mais imediata que se possa imaginar. Porém, se você tiver o destino do planeta no coração e está pensando em pegar um animal de estimação, talvez deva considerar a sua decisão com a mesma dedicação que dedicaria à aquisição de um novo automóvel: segundo dois especialistas britânicos, criar um cachorro tem um impacto no ambiente igual ou superior ao de um grande veículo motorizado.

A reportagem é de Alessio Balbi, publicada em artigo no jornal La Repubblica, 30-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Brenda e Robert Vale trabalham com sustentabilidade ambiental na Victoria University, na Nova Zelândia, e publicaram os seus dados em um livro de título provocativo, "Time to Eat the Dog?". É uma expressão que vem da época das expedições na Antártida e indica o momento em que os exploradores, que ficaram sem provisões, eram obrigados a sacrificar os cães de trenó.

A mensagem dos dois autores, portanto, é: em um momento em que os recursos naturais estão sempre mais escassos, os animais domésticos são um luxo que, pelo bem do planeta, não podemos mais nos permitir.

Segundo os cálculos dos Vale, que se formaram em Cambridge antes de emigrar para a Oceania, a dieta de um cachorro de porte médio prevê o consumo de 164 kg de carne e 95 kg de cereais a cada ano. Para produzir essa quantidade de comida, são necessários 0,84 hectares de terra (1,1 para um pastor alemão). Pois bem, dizem os dois, construir e dirigir um SUV por 10.000 km tem um custo energético de 55,1 gigajoules. Visto que um hectare de terra pode produzir, em um ano, energia igual a 135 gigajoules, o impacto ambiental de um veículo poluidor é a metade do de um cachorro.

No livro, a equação é aplicada também a outros animais domésticos. Descobre-se assim que um gato consome 0,15 hectare de terra, grosso modo, o mesmo que um grande utilitário. Um casal de hamsters, com 0,028 hectares, equivale a um televisor de plasma, enquanto um peixe-palhaço (0,00034 hectares) gasta a mesma energia de dois telefones celulares.

As teorias dos Vale desencadearam um evidente curto-circuito na sensibilidade ambientalista, visto que muitas vezes quem tem um animal em casa é também um amante da natureza. E, de fato, "Time to Eat the Dog?" está no centro de numerosas críticas: há quem defenda que as grandezas usadas não são comparáveis, e quem acuse o texto de conter erros de cálculo grosseiros. Mas outros pesquisadores, como o inglês John Barrett, do Stockholm Environment Institute, entrevistado no último número da revista New Scientist, refizeram os cálculos e confirmaram os resultados.

Então, pelo bem da Terra, adeus à companhia de quatro patas? Para quem já tem um animal doméstico, os autores propõem, ao invés, uma mudança da dieta, sob a marca da tradição: nas casas de campo, cães e gatos tinham um impacto ambiental mínimo, já que compartilhavam, sob a forma de restos, a comida dos homens. Já quem está pensando em ter um animal de estimação, defendem os Vale, deveria limitar a escolha a coelhos ou pintinhos, enfim, animais que restituem a energia que consomem, poi deles se obtém alimento. Uma sugestão que dificilmente será acolhida pelos ambientalistas.
Fonte:IHU

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