Rovai
Não é incomum, inclusive, entre aqueles os que discutem a democratização da mídia, um certo fetiche em relação aos jornais diários brasileiros. Eles são classificados como grande mídia ou ainda como jornalões. Não vou aqui negar a influência que alguns deles têm em pautar o debate na classe média mais informada. E mesmo de influenciar veículos com poder maior de alcance. Mas a verdade é que nossos jornalões não são assim tão jornalões como alguns imaginam. E, mais do que isso, vem perdendo leitores mês a mês, ano a ano.
O último Meio e Mensagem, a partir de dados do IVC, publicou uma tabela com os atuais 20 jornais diários de maior circulação média neste ano, considerando os meses de janeiro a agosto.
Os dados impressionam. A Folha de S. Paulo ainda se segura por uma diferença mínima como primeira do ranking. Sua circulação é de 295.781 exemplares. Ou seja, num país de quase 200 milhões de pessoas isso significa 0,15% da população. Jornalão? E nos 8 meses deste ano em relação ao ano passado, o jornal dos Frias perdeu 6,13 dos seus leitores.
Mas o O Estado de S. Paulo, seu concorrente direto, está numa situação ainda mais delicada. Hoje é o quinto no ranking nacional. Está atrás do Supernotícia, da região metropolitana de BH, o maior fenômeno do segmento nos últimos anos, e também do Extra e de O Globo. O Estado perdeu neste ano, comparando com o ano passado, 16,59% na circulação, que hoje é de 213.205. Jornalão?
Se você olhar a tabela vai perceber que pelo andar da carruagem em breve o famoso Estadão vai perder a quinta colocação, não só para o popular carioca Meia Hora, mas também para o gaúcho Zero Hora.
Aliás, os três diários do Rio Grande do Sul juntos (Zero Hora, Correio do Povo e Diário Gaúcho) tem circulação próxima à da Folha e do Estado somados.
Há um claro crescimento do segmento popular entre os jornais diários vendidos (não vou tratar dos gratuitos, farei isso num próximo post). Além dos Supernotícia, um jornal lançado no fim do ano passado em Manaus, o Dez Minutos, já tem circulação média de 55.687 exemplares. E é o 18º do ranking nacional.
Enquanto isso, o Jornal da Tarde, do Grupo O Estado de S. Paulo, que em outros tempos foi tão importante, inclusive possibilitando um jornalismo mais autoral, não aparece nem entre os 20, pois chega a 50 mil exemplares. Jornalão?
Por fim, as organizações Globo não venderam o Diário de São Paulo porque apareceu um bom negócio, mas porque, ao comprar o veículo em 2001, ele tinha 110 mil exemplares de circulação. E agora nesta última aferição está com 59.299.
Os antigos donos do nosso jornalismo impresso diário brasileiro ainda não perceberam que a qualidade de seus veículos só tem piorado, mas quem compra jornal já percebeu. E tem procurado outros veículos. Ou buscado blogues e sites que tratam melhor a informação.
PS: Estou a caminho de São Carlos, onde participo daqui a pouco como debatedor da Conferência Municipal de Comunicação da cidade.
Fonte:Blog do Rovai
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