segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ELEIÇÕES - PT apostará mais em internet para divulgar Dilma.

A estratégia para alavancar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê intensa campanha na internet. Dilma terá destaque em tempo real no novo site do PT, que entrará em operação na primeira semana de novembro com emissora online de rádio e TV.
Para montar o estúdio de gravação, o Diretório Nacional do PT reformou a sede que ocupa num prédio do setor comercial de Brasília e contratou mais funcionários. A nova roupagem do site será um teste para 2010, quando o plano do partido é transmitir ao vivo os principais atos da campanha presidencial.

O americano Ben Self, guru da campanha digital de Barack Obama à Casa Branca, no ano passado, prestará consultoria a Dilma. A contratação foi fechada pelo publicitário João Santana, responsável pelo marketing político da ministra. O PT nega o acerto.

Aprovada pelo Congresso, em setembro, a lei que institui novas regras para as eleições só permite o uso da rede para fazer propaganda dos candidatos a partir de 5 de julho, mas libera manifestações nas páginas eletrônicas antes da campanha.

A ofensiva do PT nessa temporada de aquecimento não para aí: em 10 de dezembro, Dilma será a estrela do programa nacional de TV do PT. Além disso, o Grupo de Trabalho Eleitoral do partido deu ordem para que os diretórios estaduais ponham a chefe da Casa Civil em primeiro plano nas inserções.

Uma nova leva de pesquisas também foi encomendada. O PT sondará mais uma vez os eleitores em novembro, um mês antes do programa do partido na TV. O PMDB, prestes a se casar com o partido de Lula em 2010, recebeu um calhamaço de 200 páginas recentemente.

Pelo levantamento, o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, tem 34% das preferências; Dilma vem em segundo lugar, com 18%. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) tem 12% e a senadora Marina Silva (PV-AC), 8%.

Data-limite

Dilma deve ficar na Casa Civil até o último dia permitido pela legislação, 3 de abril de 2010. O PT ainda insiste para que a ministra deixe o governo em fevereiro, logo após ser aclamada candidata no 4º congresso da legenda, que aprovará as diretrizes de seu programa de governo e reunirá até mesmo convidados internacionais. Será um grande encontro, em Brasília, para marcar a comemoração dos 30 anos do PT.

Lula não concorda com o roteiro traçado pelo partido: acha que Dilma precisa ficar à frente da Casa Civil, comandando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e projetos estratégicos — como o plano habitacional Minha Casa, Minha Vida — até o prazo-limite fixado pela lei, seis meses antes da eleição de outubro.

Dos 35 ministros, 17 planejam entregar os cargos para fazer campanha, em 2010. Lula quer segurar todos até quando puder. Candidato ao governo do Rio Grande do Sul — estado onde o PT e o PMDB vivem às turras —, o titular da Justiça, Tarso Genro, é um dos que já pediram para sair em dezembro. Até agora, Lula resiste.

O presidente também tem conversado com Dilma. Ela chegou a admitir a possibilidade de deixar a cadeira antes da hora, para se dedicar à campanha. Lula a dissuadiu da ideia. Alegou que, além de não ver vantagem na estratégia da saída antecipada — já que ela ficaria mais tempo sob bombardeio do PSDB do governador José Serra, também pré-candidato à Presidência —, Dilma é a "capitã do time".

Na tentativa de impulsionar a candidatura da ministra — praticamente desconhecida pelo eleitorado de baixa renda —, o governo e o PT preparam uma ofensiva de marketing para os próximos dias. "Não há nada que um banho de rua não resolva", disse Lula, de acordo com relato de interlocutores.

"Mais e melhor"

Os articuladores da campanha petista apostam que o presidente poderá transferir votos para Dilma se ela conseguir passar ao eleitor a mensagem da continuidade de um governo que termina bem avaliado, aliada à garantia do "mais e melhor". Capitaneado pelo próprio Lula, o time de conselheiros da ministra se reúne semanalmente para analisar cenários eleitorais e traçar estratégias.

"Foi a solução que encontramos para conversar sobre política, mas é apenas um diálogo entre amigos", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Integram esse grupo, além de Berzoini, o deputado Antonio Palocci (PT-SP), o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o ministro de Comunicação Social, Franklin Martins, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o marqueteiro João Santana.

Na quinta-feira, o presidente e a ministra aparecerão mais uma vez juntos, desta vez na Expo-Catadores, em São Paulo. Trata-se de uma exposição que reúne 1.500 catadores de lixo reciclável de todos os Estados, um público cobiçado por qualquer candidato.

Sob a proteção de dirigentes do PT, Dilma também começará a se aproximar dos militantes. Neste domingo, ela participa de um colóquio com movimentos sociais, também em São Paulo, para recolher ideias que vão integrar a plataforma de governo, coordenada pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Da Redação, com informações do O Estado de S. Paulo/Site O Vermelho.

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