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Juanita Castro, a irmã do ex-presidente cubano Fidel Castro, revelou que colaborou com a agência americana de espionagem CIA contra o governo cubano antes de se exilar em Miami, em 1964.
A revelação foi feita pela própria Juanita em entrevista ao canal de televisão em língua espanhola Univisión-Noticias 23 no domingo.
Ela está lançando um livro de memórias sobre sua relação com os irmãos Fidel e Raúl, que é o atual presidente de Cuba.
O livro Fidel y Raúl, mis hermanos: La historia secreta (Fidel e Raúl, Meus Irmãos: A História Secreta), escrito junto com a jornalista mexicana Maria Antonieta Collins, será lançado nesta segunda-feira nos Estados Unidos, México, Colômbia e Espanha.
Em entrevista à própria Maria Antonieta Collins, na Univisión-Noticias 23, Juanita Castro disse que foi abordada por uma pessoa próxima e também ligada a Fidel.
Rompimento
"[Essa pessoa] me disse que trazia um convite da CIA, que eles queriam falar comigo, que tinham coisas interessantes para me dizer e coisas interessantes para me pedir. [Perguntou] se eu estava disposta a correr esse risco, se estava disposta a ouvi-los. Eu fiquei meio chocada, mas de qualquer forma, eu disse que sim", disse.
A entrevista com Juanita Castro está sendo transmitida em partes. Ao final do programa de domingo, a jornalista prometeu revelar mais detalhes sobre o envolvimento de Juanita Castro com a CIA nos próximos programas.
"Amanhã, pela primeira vez, [...] quem ousou propor à irmã de Fidel que ela colabore com a CIA, arquiinimiga dos irmãos Castro."
Nos anos 60, a CIA teria elaborado dezenas de planos para tentar matar Fidel Castro.
Juanita Castro, a quinta de sete irmãos, rompeu com os irmãos alguns anos após a Revolução Cubana, de 1959, e tornou-se célebre por sua oposição ao regime comunista da ilha.
Ela disse que começou a perder entusiasmo com a revolução quando viu pessoas serem presas e executadas.
"Nós costumávamos culpar as pessoas do escalão de baixo, mas as ordens não vinham das pessoas do escalão de baixo. Elas vinham do escalão de cima, de Fidel, de Che [Guevara], de Raúl", disse ela ao programa.
Juanita disse que abrigava críticos do regime de Fidel em sua casa, para protegê-los do irmão. Ela disse que sua mãe, Lina Ruz, também ajudou pessoas contrárias ao governo cubano.
Após a morte de Lina Ruz, em agosto de 1963, Juanita disse que passou a se sentir ameaçada, e resolveu deixar o país.
Segundo a reportagem de Maria Antonieta Collins na televisão, ao descobrir sobre o envolvimento de Juanita contra o regime, Raúl ajudou a providenciar um visto para que ela deixasse o país para o México.
A reportagem diz que a última vez que Raúl e Juanita se falaram foi no dia 18 de junho de 1964. Dez dias depois, ela revelou ao mundo suas críticas ao regime de Fidel, em uma entrevista coletiva no México.
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