segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VENDA DE KIT QUE SIMULA VIRGINDADE CAUSA POLÊMICA ENTRE MUÇULMANAS.

No mundo muçulmano, os homens continuam exigindo que as mulheres com as quais contraem matrimônio sejam virgens. Aquelas que não respeitam a tradição podem - se possuírem algumas economias - enganar seu esposo na noite de bodas fazendo com que o hímen seja costurado para fingir que são virgens.

A himenoplastia, a operação de reconstituição dessa membrana, custa entre 300 e 500 euros em discretos consultórios ginecológicos no Oriente Próximo e cerca de 2.000 na Europa. Mas uma empresa chinesa, Gigimo, ameaça o lucrativo mercado dessa cirurgia plástica.

A reportagem é do jornal El País, 18-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Não tenha medo de perder sua virgindade", proclama a empresa em sua página da Internet, na qual anuncia o "hímen da virgindade artificial". Graças a ele, você "poderá viver de novo a sua noite de bodas quando quiser". Custa só 29,5 dólares (20 euros).

Esse invento japonês comercializado por Gigimo deve ser introduzido na vagina 20 minutos antes da relação sexual para dar tempo para a sua dilatação. "Quando seu amante a penetrar, um líquido semelhante ao sangue é derramado, mas sem exagerar, exatamente a quantidade necessária" para simular a ruptura do hímen, explica-se na Internet. "Acrescente alguns gemidos e grunhidos, e você não será descoberta", conclui.

Sem efeitos secundários

O marido poderá assim exibir o lençol branco com as manchas vermelhas que demonstram a virgindade de sua esposa. Gigimo indica que a membrana artificial e o líquido "não são tóxicos (...) nem têm efeitos secundários".

Nas sociedades muçulmanas conservadoras, ele teve sim efeitos secundários. Os Irmãos Muçulmanos e uma boa parte dos teólogos e imãs se mobilizaram no Egito para que o kit da Gigimo seja proibido. Até agora, não conseguiram.

O primeiro a se manifestar no Cairo foi, segundo a rede de televisão Al Arabiya, Abdel-Moati Bayoumi, do Centro de Pesquisa Islâmica. Ele emitiu uma fátua (edito islâmico) que condena os importadores por "expandir o vício e animar as jovens a manter relações ilícitas ao saber que podem 'recuperar' sua virgindade".

Mais contundente ainda, o imã Yussef al Badri exigiu que aqueles que "vendem o hímen artificial sejam açoitados, presos ou expulsos do país para que ninguém se atreva a seguir seu exemplo".

Rafia Zakaria, uma filósofa paquistanesa que dirige nos EUA a Fundação Muçulmana de Defesa Jurídica das Mulheres, lamenta que "se perpetue o mito de que as mulheres que não são virgens são até certo ponto sujas, impuras e não válidas para o casamento".

Além disso, "a colaboração dos homens em fazer com que as mulheres percam a virgindade é totalmente ignorada", afirma. Não se exige deles essa mesma abstinência sexual.

Zarakia defende que se lembre a história do islã, que, segundo ela, desmente o mito da virgindade: "É preciso destacar que o primeiro casamento do Profeta Maomé foi com uma viúva".
Fonte:IHU

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