domingo, 15 de novembro de 2009

PARAGUAI - Influente senador paraguaio admite que há um plano para tirar Lugo.

O influente senador paraguaio Alfredo Jaeggli, do partido situacionista Liberal, disse que há uma maioria cômoda no Congresso do Paraguai para defenestrar o presidente Fernando Lugo via juízo político "por inépcia" e entronizar em seu lugar o vice-presidente Federico Franco, pertencente ao seu núcleo político.

A reportagem é de Hugo Olázar, publicada no jornal Clarín, 14-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Temos os votos para tirá-lo e temos que tirá-lo em um prazo não maior do que seis meses. Em um prazo superior, será mais difícil, porque ele terá tempo para fortalecer os movimentos sociais que ele considera que são aqueles que têm que substituir os partidos políticos", disse o parlamentar.

Perguntado por que o ex-bispo católico deve ir embora e ser substituído por Franco, ele respondeu: "A situação política, econômica e social está se deteriorando cada vez mais, com o aumento da insegurança e da incompetência daqueles que o rodeiam".

"Esse senhor foi catapultado como presidente pelo Partido Liberal e nos traiu. Ele não só tenta dividir o meu partido, mas também nomeia entre os seus ministros ex-colaboradores do governo do Partido Colorado, que nós derrotamos nas eleições de 2008", disse.

"Não podemos manejá-lo. Ele se nega a realizar as mudanças liberais que prometeu em sua campanha eleitoral. Se omite a nossas recomendações. Debocha de nós e, bom, temos um liberal que pode substituí-lo e fazer o governo que prometemos nas eleições", afirmou.

Presidente da comissão bicameral do Congresso que estuda o orçamento para 2010, Jaeggli defende que o ex-bispo quer impôr no Paraguai o sistema "bolivariano de governar" ao estilo Chávez, Morales, Correa e Ortega.

"Se ele não for nesse prazo, ele vai se fortalecer tanto que vai nos custar muitíssimo tirá-lo. Ele vai ter tempo de terminar de treinar os movimentos sociais que virão nos fazer o 'corralito' [bloqueio de contas bancárias], como fazem os bolivarianos, para nos impedir de entrar no palácio legislativo".

A substituição na cúpula das Forças Armadas há 10 anos é um indício, segundo Jaeggli, do plano de Lugo de virar para a esquerda, pondo nos cargos principais no Exército, na Força Aérea e na Marinha seus leais, "em detrimento dos militares institucionalistas", uma fórmula presumivelmente calcada do que aconteceu nos países "bolivarianos".

Finalmente, disse que Lugo tem duas alternativa: "ou renuncia ou o tiramos". A Constituição do Paraguai prevê a figura do juízo político. De fato, o último defenestrado por essa via foi o presidente Raúl Cubas, em 1999.

Pouco depois de ficar sabendo das declarações do senador, Lugo emitiu um comunicado, no qual considerou "nula" a possibilidade de um golpe de Estado. O presidente ressaltou ainda que "a divulgação de falsidades ou espécies não confirmadas não redunda na credibilidade de seus difusores". A mesma nota oficial desmente que Lugo, "por razões de segurança", tenha se refugiado no Regimento Escolta Presidencial, na terça-feira passada, durante o "superapagão" que foi registrado no Brasil e que afetou parte do território paraguaio.
Fonte:IHU

Nenhum comentário: