Dilma “senta o pé” e mostra que tem identidade
Recebi algumas críticas – bem fundamentadas, reconheço - sobre o que falei aqui sobre ser mais a identificação que a exposição a razão do crescimento de Dilma Roussef nas pesquisas. Mas, para quem não atinou no que estou tentando expressar, nada mais evidente do que o discurso da pré-candidata, ontem, na inauguração – ao lado de Lula e de Serra – da nova fábrica da Case New Holand, de máquinas agrícolas, em Sorocaba.
A matéria do Estadão tem como abertura o fato de José Serra ter assumido um discurso nacional, falando sobre as preocupações com as exportações de automóveis e de autopeças estar baixa, em função do câmbio. Dilma, com a fama injusta de tecnocrata que lhe dão, largou o economês e entrou de sola. Falou para os trabalhadores, não para os jornalistas. Deu uma saia-justa em Serra, ao falar dos investimentos que não discriminaram o estado, por razões político-eleitorais.
Leiam só e vejam o que falei sobre ter ido pro museu o estilo “paz e amor”.
Vestida de terninho vermelho e sempre ao lado do presidente Lula, que visitou as instalações da CNH (Case New Holand) por cerca de uma hora, Dilma iniciou seu discurso “rompendo o protocolo”. Antes de fazer os tradicionais cumprimentos a todas as autoridades presentes à cerimônia, a ministra fez uma saudação especial aos trabalhadores da unidade. “Presidente, vou pedir licença ao senhor, quebrar o protocolo, exaltar aqui os trabalhadores e trabalhadoras da CNH e dizer que esse é um projeto que tem essa característica: combina a força dos empresários com todo o empreendedorismo e capacidade dos nossos trabalhadores do Brasil. Então saúdo e dou os parabéns a vocês responsáveis aqui por essa abertura”, afirmou, sob aplausos dos presentes.
Dilma dedicou boa parte do seu discurso a defender o PAC. A pré-candidata do PT usou uma reportagem do jornal Valor Econômico, publicada nesta terça, para falar sobre o êxito do programa. De acordo com a reportagem do Valor Econômico, empurrados pelo calendário eleitoral e pelo aumento dos gastos do PAC, os investimentos públicos do governo federal cresceram 82,3% no primeiro bimestre do ano, para R$ 4,306 bilhões, ante R$ 2,361 bilhões nos meses de janeiro e fevereiro de 2009. Ainda de acordo com a reportagem, do total investido no bimestre, 84% são “restos a pagar”, recursos do exercício fiscal anterior que não foram gastos.
“Para vocês terem uma ideia, nos dois primeiros meses do ano o investimento público no Brasil cresceu de forma muito significativa, quase 80%”, afirmou a ministra. “Nesse processo de crescimento, toda demanda por rodovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, ferrovias, poços de petróleo da Petrobras, além de saneamento e habitação, alcançam 51% de todo esse aumento”, declarou. “Sem dúvida nenhuma vamos assistir neste ano a uma imensa aceleração da demanda de investimento e isso vai resultar num grande benefício para o País como um todo, que é o fato de que vamos gerar empregos de qualidade, com carteira assinada, para muitos e muitas brasileiros e brasileiras.”
Ao falar sobre as ações do governo federal no combate à crise, Dilma fez questão de afirmar que o Estado de São Paulo, governado por seu provável adversário, o tucano José Serra, foi um dos mais beneficiados pelas medidas. “Sem sombra de dúvida, os anos de 2008 e 2009 tiveram por parte do governo do presidente Lula uma firme determinação no sentido de não deixar que a crise nos abatesse. E essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo pelo fato de que São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil”, afirmou.
A fábrica de máquinas, que pertence ao grupo Fiat, foi financiada pelo BNDES. Ela foi erguida no mesmo lugar onde, nos anos 90, no neoliberalismo, havia uma fabrica de tratores da Case, que faliu. Já tem 800 empregados, e vai chegar a 2 mil.
O bom e velho Estado mostra que não é fugaz como as borboletas do “mercado”.
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